segunda-feira, 8 de julho de 2013

Porto e Benfica: Gastos no Plantel - Parte 2

Partindo do comentário do Roberto Baggio no texto anterior, decidi escrever um texto para o complementar com uma visão mais subjetiva da situação.
Então concordas que com um maior investimento na defesa, o Benfica seria candidato a champions? Tal como se fosse o Porto a fazer uma maior investimento no ataque?

Champions

Olhando aos plantéis e modelos de jogo dos participantes na CL, há 4 equipas que me parecem com clara capacidade de lutar pelo título no próximo ano como principais candidatos: Bayern de Guardiola, Dortmund de Klopp, Man City de Pellegrini e Chelsea de Mourinho. Numa segunda linha, devido às manifestas fragilidades defensivas: Barcelona de Villanova e o Real Madrid de Ancelotti. Outras equipas também poderão ser candidatas dependendo da evolução do mercado e do modelo de jogo como a Juventus de Conte (com Tevez e Llorente, melhoram muito o ataque).
Principais candidatos: Bayern, Dortmund, City e Chelsea.
Barcelona e Real como 2a linha de candidatos.
Juventus pode intrometer-se.

Investimento: acrescentado ou mudado?

Quando se fala em maior investimento na defesa por parte do Benfica e no ataque pelo Porto, fala-se de acrescentar investimento ou retirar de um lado e meter noutro? O Porto ainda consegue fazer esse acréscimo de investimento por ter vendido James e Moutinho, Benfica é difícil... Ainda não fez nenhuma venda significativa. Gaitán está a tornar-se a "eterna venda milionária", Cardozo e Garay também podem sair, mas ainda não saíram... Só depois das vendas é que o Benfica deve conseguir comprar mais alguém. E não será fácil depois do que já investiu. Mudar o investimento de setor, é correr o risco de perder o "extra" de qualidade que um setor tem.

Benfica

No Benfica, o modelo de jogo já é conhecido e muitas vezes criticado pelo excessivo risco. O investimento na defesa (principalmente laterais), apesar de importante e, arrisco, muito influente, não é tão importante como a revisão do modelo de jogo.
No geral, com mais investimento na defesa e mesmo tirando algum do ataque (se precisa de 4 extremos de topo mais Gaitán, Djuricic e Enzo que podem fazer essa posição, com equipa B e alguns dos melhores júniores de Portugal, é porque alguma coisa está a ser mal feita) ficava muito forte. Além disso, precisavam de mais um bom médio (centro/defensivo). Acredito que com essas alterações, mesmo sem alterar o modelo de jogo, poderia tornar-se muito competitivo na CL.
Irá Jorge Jesus rever o modelo de jogo?
A contratação de laterais de topo e 1 médio centro/defensivo
pode tornar o Benfica muito forte, até competitivo na CL.


Porto

No caso do Porto, é mais fácil de perceber o que faltou na época passada olhando para a eliminatória com o Málaga. Muito domínio, poucas oportunidades. Faltou criatividade e faltou mais um jogador a dar profundidade, logo o investimento no ataque poderia ser visto como o caminho certo para uma probabilidade maior de sucesso. Por outro lado, esta época o treinador é outro e falta saber o que vai mudar no modelo de jogo.

Claramente falta um extremo. O Paulo Fonseca disse que apostava no jogo interior... Tenho algum receio disso. Se mete dois "10" a jogar nas alas, os laterais vão ter que jogar muito subidos e muito exteriores para que a equipa tenha largura (e Danilo já provou que não se dá muito bem com isso). Se se confirmar o Bernard, falta perceber melhor os movimentos dele. Ele já jogou como "10" e do que vi dele não é extremo de jogo exterior ou de profundidade... Se se confirmar, não se corrigem os erros do passado e ficam alguns jogadores tapados pelo excesso de jogadores com o mesmo tipo de movimentos. Com a contratação certa e supondo que não há muita alteração no modelo de jogo (pelas declarações de PF é isso que se entende), Porto também pode ser uma força a considerar na CL.

Sem mudar demasiado o modelo de jogo implementado por Vítor Pereira
e com a contratação certa, o Porto de Paulo Fonseca poderá ser
um dos mais fortes outsiders da CL.

Já agora, em relação ao Porto há uma situação que não considerei. O Reyes é DC, mas também pode jogar como Médio Defensivo (principalmente se o Fernando sair). A acontecer isto, já aumenta consideravelmente o peso do meio-campo (27%, baixa a defesa para 52%). Retirar mais do que isso à defesa, é retirar um dos titulares... Ainda que se Mangala ou Otamendi saírem e ficarem Maicon e Rolando, o Porto não fica de todo mal servido (ainda com a hipótese de jogar o Reyes nessa posição).

Qualidade vs Investimento

Para terminar, não acho que haja relação direta entre investimento num setor e qualidade do mesmo. Olhando ao Barcelona, o meio-campo tem praticamente custo zero (Cesc foi muito caro, mas podia estar lá a zero). Sim, eu sei que é um caso muito particular, mas está tudo relacionado com a qualidade do trabalho na formação que torna o investimento na compra de jogadores num método para corrigir problemas e não no método de "criação" do plantel.
Outro exemplo é o Porto que ganhou a CL que é falado no posse de bola. Custos mínimos e equipa de topo. Ainda sobra o exemplo dos centrais do Benfica: Luisão e Garay não foram nada caros (comparados aos atacantes) e são jogadores de enorme qualidade.

12 comentários:

  1. Eu acho que a diferença de qualidade individual é determinante para o sucesso/insucesso das equipas portuguesas na champions. Acho mesmo, que pegando no dinheiro da venda de Cardozo e Garay, Matic, dá para comprar dois médios fortes, e um lateral esquerdo melhor que Melga. Sílvio parece que já cobre uma falha que o Benfica tinha ali.
    No porto já há Ghilas, agora só falta mesmo um extremo do nível dos do Benfica. Com estas contratações, eu, colocaria Benfica e Porto no top 8 de candidatura a champions. E a partir daí, tudo pode jogar.

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    1. Sim, talvez. Os plantéis já têm muita qualidade, só têm essas pequenas falhas e a nível de treinadores são dos melhores da Europa (PF ainda se vai ver, mas tudo aponta para isso).

      Mas quanto ao Benfica, não te esqueças que o Benfica já está com um défice de 15M e não tem que voltar ao zero, tem que ter um superavit bem grande (diria que na ordem dos 20/30 M€). Isto é, tem que fazer na ordem dos 40 M€ só para equilibrar a balança. Eu resolvia a situação com 2 empréstimos e 1 contratação: possivelmente Sílvio e van Ginkel por empréstimo e Gargano (tem-se falado nele) contratado.

      No Porto, não deve ser preciso nenhuma venda, mas ainda há gente para sair/emprestar que pode render algum (Fernando, Kelvin, Iturbe, Rolando, Atsu,...). Se é para comprar o Bernard, eu também gastava algum num extremo (gostava de ver o Vieirinha no Porto, por exemplo).

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  2. 30/40M vai ser o Matic... 15/20M vai ser o Garay... Então, só precisamos de um Lateral esquerdo caso saia o Garay... 8M chegam e de 1/2 MC caso saia o Matic. O Rúben Amorim voltou e tenho a certeza que o André Gomes vai estar a um nível bem superior ao da época passada. São bons suplentes para Enzo e alguém que possa vir ou mesmo para Enzo e Matic.

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    1. Eu não contava com Rúben Amorim nem com o André Gomes, mas no resto, talvez. Falta saber o preço do Matic... Não estou a ver quem faça essa oferta. Não duvido do valor dele, mas das posses dos compradores. Só PSG e City estariam em posição para uma proposta assim. No caso do City era engraçado uma troca pelo Javi + dinheiro.

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  3. Há um pequeno pormenor que não nos podemos esquecer, especialmente no que diz respeito ao Benfica, e que vai muito para além do modelo (pese embora, e ainda que o diga como leigo, o mesmo não me pareça o mais acertado): as capacidades de liderança.

    Eu, no caso de Jesus, não creio que exista capacidade da sua equipa ganhar uma Liga dos Campeões. E não o digo pelas debilidades tácticas das suas equipas, ou pela falta de certos jogadores para dadas posições, mas antes pela especificidade dos jogos da Liga dos Campeões, especialmente nas envolventes psicológicas que trazem aos jogadores. Aliás, tudo o que tem rodeado o clube da Luz aponta para mais um ano de insucesso. E é pena, porque o Jesus teve o timing errado para entrar naquele clube, visto que se estivesse, por exemplo, no Porto, as coisas seriam bem diferentes.

    Sobre o Porto, o Paulo Fonseca vai jogar com duplo pivot, mas parece-me que o que faltava à equipa no ano passado vai deixar de faltar: criatividade. Basta pensar num onze inicial com Josué e Quintero. Quanto ao jogo interior, julgo que vão continuar a existir movimentos de penetração e um jogo ainda mais apoiado em zonas frontais, o que com jogadores mais criativos, pode até ser uma mais valia. O problema do Danilo não é assim tão grave. Pode ajudar na construção de apoios frontais, e melhora substancialmente a transição defensiva da equipa, que já é quase perfeita, a meu ver.

    Cumprimentos,
    António Teixeira

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    1. Percebo onde queres chegar em relação ao JJ. E olhando ao que aconteceu no final da época, és capaz de ter razão... Mas não sei se vai ser mais um ano de insucesso. Porto mudou. Não mudou muito pelo que se percebe do discurso do PF, mas mudou. Benfica tem a vantagem de manter o treinador. A minha maior preocupação para a época do Benfica são as saídas que estão para acontecer... Se Matic sair, não será fácil encontrar alguém igual e com tanto peso no modelo de jogo.

      Em relação ao Porto, falas numa das coisas que eu já tinha falada noutros textos, a falta de criatividade na época passada. Está resolvido, mas o mal agora é que não sei se o Porto tem alguém para aproveitar essa criatividade, isto é, acho que vai faltar profundidade.

      Também gostava de ver o Porto em 4-4-2 losango com Ghilas e Jackson na frente. Nem que fosse num amigável de pré-época. Só para ver como funcionavam em conjunto. Olhando para o plantel para ser o sistema que melhor encaixa.

      O Danilo é top e muito inteligente, mas não é o típico lateral que se cola à linha, pelo contrário, parece fugir dela. Com um extremo a jogar perto da linha, é fácil o lateral jogar por dentro. Com um "10" a extremo, é muita gente por dentro e há pouca largura. É a minha única preocupação em relação ao Danilo.

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    2. Claro que as novas ideias do Paulo requerem algum tempo para serem implementadas. Mas, e pelo que se vai ouvindo, o Paulo Fonseca têm excelentes capacidades de liderança, e é muito próximo dos jogadores. Sobre o Jesus, já são 3 anos de humilhações, e se o Jesus tivesse capacidade para transformar isso em factor motivacional, já o teria feito. Mas a verdade é que isso também é um problema estrutural.

      O losango era uma boa opção, mas penso que perdia muito na transição, porque não nos podemos esquecer que o modelo e os princípios são transversais a todos os escalões, se não estou em erro. E a transição defensiva do Porto é (era, não se sabe ainda), de longe, a melhor da Europa.

      Sim, eu percebo a questão do Danilo, e parece-me por estes dois jogos que o Paulinho está a tentar utilizar um extremo mais aberto. Mas de qualquer dos modos, o que o Danilo precisa é de um 10 mais criativo que o Lucho que ofereça apoios mas que seja muito melhor no passe (o Lucho, apesar de todas as suas qualidades, falha muitos passes na criação de finalização), tipo o Quintero.

      De qualquer dos modos, o que acha da utilização do Josué no duplo pivot? Oferece mais verticalidade, mas também tem algumas lacunas.

      Cumprimentos,
      António Teixeira

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    3. O Josué tem um grande "mal": atitude. Dentro de campo tem influência na agressividade. É um problema quando se trata de agressividade sem bola, porque a reduz. No jogo com o Maastricht, muitas vezes estava o Lucho ao lado do Castro e o Josué à frente quando a bola chegava perto da área do Porto. Não pode ser. Se ele mudar, pode funcionar muito bem porque ao nível de passe é fenomenal e tem agressividade com bola. Por outro lado, ainda são os primeiros jogos. Fernando se não sair é titular, Lucho também e Defour acredito que esteja à frente do Josué na luta pelo lugar (e 2-1 no meio-campo assenta-lhe melhor que 1-2) e ainda sobra Herrera (que ainda não vi). Josué pode ser opção em três posições: "6" mais atacante, "10" e extremo. Como suplente pode ter muitos minutos à custa dessa polivalência, como titular não é fácil.

      Outra questão que levantas é a do Lucho a "10". Também não é a solução de que mais gosto e concordo plenamente contigo que devia ser um jogador mais criativo. Preferia Josué, Quintero, C.Eduardo ou até Izmailov

      Sobre as agressividades com bola e sem bola, podes ler o texto do Baggio:
      http://possedebolla.blogspot.pt/2013/04/agressividade.html

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    4. Compreendo e concordo, apesar de achar que isso possa ser mudado pelo treinador. Na verdade, Josué jogou numa posição diferente no ano passado e, sabendo da recuperação que o Paulinho fez dele como pessoa, talvez possa aprender a ser mais agressivo. Sobre o Defour, eu gosto do jogador, apenas acho que não é muito bom tecnicamente, e eu preferia um meio campo de jogadores bons nos aspectos técnico e táctico.

      O problema para o Paulo deve identificar-se com a intensidade do pressing (e, portanto, optar por jogadores com mais valias físicas), e claro, a qualidade da transição defensiva e, por outro lado, a capacidade de construção em apoio que prepara essa transição defensiva (e, deste modo, deves apostar em jogadores com outras qualidades). Por exemplo, e apesar da evolução notória com a bola, o Porto perde um pouco na construção com o Fernando, mas ganha na transição e na organização defensiva. Daí, na minha opinião, a aposta no duplo pivot, porque podes ter maior qualidade na construção e maior cobertura (sem o Fernando) na transição, estou certo?

      Sobre o Lucho, eu penso que este ano será uma espécie de 12º jogador, ou de jogador-treinador. As qualidades que têm, bem como os defeitos (ainda que poucos, e de ordem técnica) são inegáveis, e julgo que tem muito para ensinar a alguns jogadores novos.

      Sublinho, caso a transição defensiva seja tão eficaz quanto a do ano passado, arrisco a dizer, pese embora me possam chamar de eufórico, que o Porto, com a criatividade e um pouco mais de verticalidade na criação (que passa obrigatoriamente pela mudança do Lucho, e que deve evidentemente preservar a qualidade da transição), é inferior apenas ao Madrid, Borussia, Bayern e Barcelona (mas estes só mesmo por causa do Messi).

      Cumprimentos,
      António Teixeira

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    5. O Fernando melhorou imenso no ano passado na parte técnica com bola, já não é aquele trinco de parar a jogada e passar a outro. Ainda assim, acho que para uma equipa que queira dominar um jogo em posse de bola, ele está aquém e para esse trabalho, acho que o Defour serve muito bem na Liga Portuguesa. O meu receio é a Champions. Fernando raramente falha defensivamente, já o Defour... (veja-se o jogo com o Málaga no ano passado, por exemplo)
      Agora, se não é suposto o Fernando jogar, é bom que seja vendido já. Depois de meia época ou 1 inteira sem jogar não vai valer nada no mercado... E acredito que não fosse assim tão mau, porque ainda há D.Reyes que está habituado a jogar no meio-campo. Falta é saber o que ele vale na Europa.

      Quanto ao Lucho, penso o mesmo. Era altura de começar a pensar nele como uma ajuda para alguns casos, mas não como a solução permanente. É difícil pelo estatuto que tem no Porto.

      A questão da qualidade do Porto é o que já respondi ao Baggio, com mais um extremo que dê profundidade e sem perder jogadores noutras posições, são poucas as equipas acima do Porto (supondo, como dizes, que se mantém a qualidade da transição defensiva e mesmo da organização defensiva). Além dessas quero ver a Juve (com a mesma equipa mais Tevez e Llorente), o City com um treinador a sério, o PSG pelas individualidades e também não se pode descartar uma equipa do Mourinho.

      Cumprimentos!

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  4. Luís Santos,

    Descobri o teu blog através do Posse de Bola e estou a gostar imenso.

    Muito boa análise que fazes nestes dois artigos e que muito trabalho te devem ter dado.

    Quanto ao tema, tenho receio que no final de Agosto ainda muita coisa vai acontecer, no que há matéria de vendas e aquisições de jogadores diz respeito. Ou seja, muito trabalho te aguarda.

    ;)

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    1. Obrigado pelo elogio ;)

      Deu algum trabalho, mas não muito. Foi só ir buscar os valores ao transfermarkt, passar para uma folha de excel e depois fazer as imagens no photoshop (no outro texto). Este texto escrevi grande parte quando queria responder ao comentário do Baggio. Depois decidi passar para texto e completar com mais algumas coisas. Noutros anos fazia uns textos que me davam bem mais trabalho. Propostas de plantel para Porto, Benfica, Sporting e Braga. Mas este ano estava a fazer a tese e acabei por não ter muito tempo e paciência para tratar disso... Agora é um bocado tarde para fazer isso, mas queria fazer alguma coisa parecida.

      Sim, até ao dia 1 de Setembro, muito muda. E se fizer sentido, nessa altura faço este trabalho outra vez.

      Cumprimentos!

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