sábado, 31 de agosto de 2013

UEFA: Proposta de reformulação de cálculo dos potes

Peter Staunton publicou um artigo no site goal.com sobre a necessidade de revisão do cálculo dos potes. Partia do princípio que a UEFA protege as tradicionais equipas da Liga dos Campeões à custa das oportunidades para  os novos concorrentes. Actualmente, a classificação é calculada através dos resultados nos 5 anos anteriores ao qual é adicionada uma parte referente ao coeficiente da associação (leia-se país). Uma das falhas apontadas é a protecção associada à impossibilidade de confronto de equipas do mesmo país que acaba por proteger o coeficiente das associações com mais clubes. Apesar de entender a crítica, entendo que há algum fundamento nesta regra. Outra falha apontada, e esta é que me parece mais interessante, é cortar nos anos que contam para a classificação. 5 anos é claramente demasiado tempo. Principalmente com um mercado de transferências tão movimentado. Então, decidi recolher os resultados das equipas participantes na actual edição nas competições europeias (LC e Liga Europa só a partir da fase de grupos) e trabalhar os dados para perceber as alterações decorrentes da diminuição do tempo considerado. Fiz 2 tabelas: para últimos 2 anos e últimos 3 anos.

Nota: para cálculo dos pontos de cada equipa usei um método simples: 3 pontos por vitória, 1 ponto por empate para cada jogo. Passar a fase de grupos vale 1 ponto, oitavos 2 pontos e assim sucessivamente. Vencer a final tem um acréscimo de 5 pontos. Na Liga Europa é tudo reduzido a metade e tem uma ligeira alteração: passar o grupo vale 0.5 pontos e os 16-avos 1 ponto (ou 0.25 e 0.5 após a redução). Equipas que fiquem em 3º lugar na LC e passem para a LE não têm bonificação por passagem de grupo, naturalmente. Também não acrescentei nenhuma bonificação pela classificação da associação.

Começando pela classificação/divisão actual:
Passando para a situação considerando os 3 anos anteriores:
Já se notam algumas alterações (esquema de cores nos nomes das equipas mantidos da classificação utilizada pela UEFA): CSKA baixa imenso (12 lugares, 2 potes) fruto de 2 anos sem participações em competições europeias e Dortmund sobe (10 lugares, 1 pote) para 10º, 2º pote. Ao nível dos potes temos: uma alteração no pote 1 com a entrada do Schalke04 e a saída do Arsenal; quatro alterações no pote 2; quatro no pote 3 e duas no pote 4.

Mais alterações se forem considerados apenas os últimos 2 anos:
Aqui, destaca-se claramente a subida do Dortmund. Passou do 20º lugar da actual classificação da UEFA para o 6º! Por outro lado, a queda do Shakhtar, a passar do 10º lugar para o 22º, mas a baixar apenas 1 pote. Ao nível de potes: três alterações no primeiro com PSG e At. Madrid a acompanharem o Dortmund por troca com Arsenal, Man Utd e Porto; seis alterações no pote 2; outras seis no pote 3 e o pote 4 volta a ter duas alterações.

Evidentemente, podiam-se fazer algumas objecções ao método de cálculo, mas de qualquer modo, tanto a redução para 3 anos como a redução para 2 anos parecem conduzir a resultados mais condizentes com a realidade recente dos clubes, nomeadamente no caso do Dortmund e do CSKA Moscovo. No entanto, a protecção a equipas dos grandes países, nomeadamente os ingleses, deverá impedir alterações de maior.

Já agora, seria muito mais complexo, mas nada de outro mundo, considerar o sistema de ranking do xadrez, baseado no método ELO que tem em conta as posições dos adversários para cálculo das pontuações atribuídas em cada jogo (ganhar a um adversário melhor colocado garante mais pontos).

5 comentários:

  1. Discordo da ideia de o adversário contar para o cálculo de pontos, porque isso é injusto também. É preferível ser purista.

    De resto, acho bem considerar 5 anos, mas podiam fazer com ponderações diferentes. Ex: 100% de pontos dos últimos 2 anos, 80% do 3º, 60% do 4º e 40% do 5º ano.

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    1. A parte do adversário, não sei se é injusto... A probabilidade de ganhar é maior, mas o que se ganha é menor, por isso, não vejo grande injustiça. Depende qual for o argumento. Mas aceito que é mais interessante o método "purista" como lhe chamas.

      Essa consideração de pesos também é uma boa ideia, mas compara os plantéis de há 5 anos com os actuais. Por exemplo, o Porto: mantém Fucile, Hélton e Fernando. Já saíram e voltaram: Josué e Lucho. Ainda nem tinham chegado: Falcao, James, Moutinho, etc. e já foram vendidos. E o treinador era o Jesualdo. Quero com isto dizer que os ciclos das equipas são muito mais curtos que os 5 anos analisados.

      Cumprimentos!

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  2. Mas não escolhem os adversários com quem escolhem, portanto também continua a ser sorte.

    Sobre os 5 anos, isso é pensar que um Barcelona está por cima ocasionalmente e sobrevalorizar uma ou duas muito boas campanhas. Com ponderação resolvia-se um bocado esse problema.

    Mas, sinceramente, não desgosto deste sistema de todo. Talvez das pontuações por fases. No geral, os melhores estão em cima e, no final, todos têm de ganhar a final para levantar o troféu.

    Não existirá um sistema perfeito.

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    1. Não escolhem, mas agora também não e podem apanhar um grupo "fácil" e obter muitos mais pontos do que outros conseguiram nos seus grupos.

      Quanto aos 5 anos, mantenho a minha opinião. Olha para o primeiro quadro e olha para o segundo ou para o terceiro. Qual é que achas que reflecte melhor a situação actual no futebol europeu? Dortmund no 3º pote? Arsenal no 1º? CSKA no 2º? Nápoles no 4º?

      Em relação às minhas propostas, ainda gostava de reduzir mais o peso da Liga Europa, mas entendo que para lhe dar algum estatuto deve ser significativo para equipas de ligas de top.

      Cumprimentos!

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  3. Ah, e boa parte das equipas não perdem a sua competitividade por aí além em 5 anos. O Arsenal tem melhores ou piores momentos, mas acaba por ser sempre o Arsenal. O Real idem, a Juventus idem, o Milan idem, o Rosenborg idem.

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