quinta-feira, 29 de novembro de 2012

"É muito melhor comprar uma empresa maravilhosa a um preço justo, que uma empresa normal a um preço maravilhoso"

Contextualização

A frase é dita por Warren Buffet e é uma das suas regras de gestão de empresas. Este texto parte dessa frase (revelada num artigo do jornal i) para analisar as várias perspectivas de mercado dos clubes de futebol.

Durante muito tempo, as equipas portuguesas compravam muitos jogadores a preço baixo na esperança de uma grande valorização que seria transformada em retorno financeiro. Ainda agora, muitos negócios se fazem nessa base, mas será a melhor opção?

Jogadores baratos vs Jogadores caros

Proponho a análise de alguns casos de jogadores "caros" (custo superior a 5M€) e "baratos" e o seu rendimento de Porto e Benfica. Procurei só os pontas-de-lança por ser mais fácil a sua análise através das participações em golos.

Porto
Jackson Martínez - 8.5M€ - Titular, 10 jogos, 9 golos, 2 assistências (na liga)
Kléber - 3.5M€ - Suplente, 25 jogos, 9 golos, 2 assistências
Janko - 2M€ - Vendido por 2.5M€, 10 jogos, 4 golos
Walter - 6M€ - Emprestado ao Goiás, 19 jogos, 7 golos, 1 assistência

Benfica
Lima - 4M€ - Titular, 6 jogos, 6 golos, 1 assistência
Franco Jara - 5,5M€ - Emprestado ao San Lorenzo, 27 jogos, 6 golos, 4 assistências
Rodrigo -  6M€ - Suplente (em rotação com os titulares), 30 jogos, 13 golos, 5 assistências
Rodrigo Mora - csuto zero - Emprestado ao River Plate, 1 jogo

Participações directas em golos aumentam com o custo de um jogador?

Relação entre Participações em Golos por jogo (PGJ) e Custo dos jogadores
(linha a vermelho - média de PGJ; verde - média custo)

Antes de mais, é de notar que a amostra é pequena, logo não é representativa da realidade e, como tal, a fiabilidade desta leitura é questionável. Ainda assim, e apesar de não haver uma relação linear com uma linha de tendência representativa, é de notar que há uma tendência positiva nesta relação. Se retirar o elemento mais afastado da linha de tendência (Lima), o coeficiente de determinaação (R2) sobe para 0.75.

A mesma relação, sem Lima

Conclusão

Podemos então concluir, que há alguma relação entre o que se paga e o rendimento de um jogador, mas que há excepções que comprometem a ideia. Isto é, pagar um preço justo por algo que sabemos que é bom é uma boa filosofia, mas não é não é impeditivo de uma boa compra ser feita a um preço baixo (como foi o caso de Lima, por exemplo).
Faltava analisar em termos de preço de venda, visto que as equipas portuguesas além de rendimento desportivo, procuram mais valias financeiras que não estão necessariamente relacionadas. Isso ficará para outro texto.

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Porque é que as seleções se sujeitam a isto?

Não percebo como Portugal e Argentina aceitam jogar no Gabão e na Arábia Saudita a meio da temporada. Não me convence que 1M€ (pelo menos para Portugal rondou esse valor) pague uma viagem longa, situações desconfortáveis fora do campo (como a cena vivida por Messi), maus relvados, climas totalmente diferentes e, falando de futebol, desafios pouco interessantes. Tudo isto a meio da temporada. E estamos a falar das 2 seleções com maiores motivos de interesse do mundo (Ronaldo e Messi, naturalmente).

Messi na Arábia. E se Ronaldo tivesse ido ao Gabão?

domingo, 4 de novembro de 2012

Liga Italiana: Juventus (1) vs Inter (3) - Notas

Ia fazer uma análise mais detalhada, mas visto que o ZM já abordou grande parte dos pontos, vou aproveitar o desenho tático que fez para abordar alguns pontos de interesse do jogo.

Onzes Iniciais e Desenhos Táticos
Fonte: Zonal Marking

3-5-2 vs 3-4-3

Apesar de ser um duelo tático pouco visto (fora de Itália, lá é relativamente comum), não teve um impacto muito positivo no jogo, pois criou desequilíbrios naturais sem necessidade de grandes dinâmicas de ambas as equipas.

Juventus

O 3-5-2 tinha a vantagem de ter um homem a mais no meio-campo, que teoricamente daria espaço a Pirlo, mas que não foi aproveitada, pois a Juventus jogou maioritariamente em contra-ataque (é difícil saber qual seria a intenção de Conte se não tivesse ficado em vantagem tão cedo). Uma movimentação habitual era a descida de Giovinco para o lugar à frente de Marchisio e Vidal, que seria para receber a bola no momento de contra-ataque, mas que nunca funcionou muito bem.
Para contraria o jogador a mais no meio-campo, Milito ou Palacio desciam para perto de Pirlo. Uma dinâmica alternativa usada em alguns momentos era a subida de Cambiasso para perto de Pirlo com um dos centrais (normalmente Juan) a comporem o meio-campo (de outra maneira ficariam Vidal e Marchisio para Gargano).

Inter

Se a Juventus ganhava no centro do terreno, o Inter ganhava nas alas. Tipicamente, num duelo entre estes 2 sistemas táticos é o que acontece. O 3-5-2 só permite 1 jogador em cada ala, enquanto que o 3-4-3 permite 2 (um no meio-campo, outro na frente). Assim, mantendo Cassano e Palacio abertos, Nagatomo e Zanetti podiam subir livremente. Isto poderia ter sido resolvido se os centrais da Juventus tivessem liberdade para saírem do centro (estranho que Chiellini tenha desfeito a defesa a 3 para pressionar/seguir Palacio/Milito na vertical, mas nunca o tenha feito na horizontal) ou então com uma dinâmica colectiva que transformasse o desenho tático (por exemplo, com a ida de Vidal ou Marchisio para as alas e descida de Lichtsteiner para lateral, passando a uma formação mais próxima do 4-4-2). Esta situação foi particularmente favorável do lado esquerdo do ataque do Inter, onde Cassano se manteve muito encostado à linha e Nagatomo entrava pelo meio sem oposição (Lichtsteiner preocupava-se muito com Cassano e deixava o japonês livre).

Zanetti

Faltam palavras para o descrever. Tem 39 anos e tinha à sua frente um jogador 16 anos mais novo e conhecido pela sua energia. Raras foram as vezes que foi ultrapassado. Para ele, a idade é somente um número. Irradia classe e conhecimento. Para o bem do futebol, gostava que fosse eterno.