quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Liga dos Campeões: Udinese (1) vs Braga (1) - Análise à dinâmica da Udinese

Udinese
3-4-1-2: Brkic (1), Benatia (17), Danilo (5), Domizzi (11), Basta (8), Pinzi (66), Willians (88), Armero (27), Pereyra (37), Fabbrini (31) e Di Natale (10)

Braga
4-2-3-1: Beto (33), Salino (25), Douglão (44), Paulo Vinícius (26), Ismaily (21), Custódio (27), Hugo Viana (45), Alan (30), Mossoró (8), Rúben Amorim (5) e Lima (18)

Desenhos Táticos iniciais e algumas movimentações
3-4-1-2 vs 4-2-3-1
Como se pode perceber na imagem acima, um confronto entre estes 2 desenhos táticos não proporciona um "encaixe" natural entre as 2 equipas. No entanto, podemos observar esse encaixe durante quase todo o jogo devido à dinâmica da equipa da Udinese e dos movimentos dos laterais do Braga. Falo só nos laterais do Braga, pois numa luta entre estes dois desenhos, é natural que haja um sobrecarregamento dos jogadores laterais da equipa que joga numa defesa a 3 (por exemplo: na ala direita da Udinese estão Basta vs Amorim+Ismaily) que é provocado pela subida dos laterais contrários. A imagem seguinte mostra como a dinâmica da Udinese "resolveu" o assunto.
Braga em fase atacante e resposta dinâmica da Udinese
(as setas azuis indicam as referências individuais de cada jogador - os confrontos)

Assim, podemos ver que no caso de Salino e Ismaily terem dado largura aquando da fase atacante em vez de jogarem mais interiores, teriam obrigado Pinzi e Willians a saírem mais das suas posições e abriam espaços maiores entre a linha de 5 defesas e a linha de 4 médios, que podia ter sido aproveitada por Mossoró ou algum jogador que entrasse de uma posição mais recuada (possivelmente Hugo Viana).

Na perspectiva contrária, e porque a Udinese praticamente só atacou em contra-ataque, vemos que mal Basta e/ou Armero passem por Amorim e/ou Alan, respetivamente, podem criar uma situação de perigo. Se do lado esquerdo do ataque do Braga não houve grandes problemas (porque Amorim não é um extremo típico, Basta não fez um grande jogo e também porque Pinzi não saía tanto para o contra-ataque como Willians, libertando Ismaily para a marcação a Basta), já do outro lado, Armero criou imensos problemas, estando inclusive nos 2 lances de maior perigo da equipa italiana: o golo e o lance em que surge isolado, mas remata no chão. Isto ilustra que, o que teoricamente seria uma vantagem para o Braga, tornou-se uma vantagem para a Udinese.

Udinese em contra-ataque: Willians (88) arrasta Salino (25) e Armero (27) fica com a ala livre

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Chelsea - Trio de Apoio ao Avançado

Disposição em campo
Chamou-me a atenção o trio que compõe o meio-campo ofensivo do Chelsea no jogo contra o Reading. Após a saída de Ramires por Óscar, a equipa surgia em campo da seguinte forma:

As posições do trio Óscar-Hazard-Mata são indicativas, pois trocavam muitas vezes


Estatísticas
É um trio muito completo. Todos os jogadores são maioritariamente interiores, mas todos têm capacidade e "natureza de movimentos" que lhes permitem dar largura à equipa. Todos eles podem decidir no 1x1, mas também são capazes dos melhores passes como atesta a quantidade de passes importantes que cada um fez:

Dados do site whoscored.com

Soluções
Tal como no jogo de ontem, por vezes, as coisas correm mal e é preciso forçar mais. Para esses casos, Sturridge, Marin e Piazón podem ser soluções. Principalmente o inglês. Acrescenta velocidade de execução e passada e, sobretudo, verticalidade e objectividade. No fundo, ao contrário dos outros 3 que pensam como médios, Sturridge pensa como avançado. Ainda assim, com poucas soluções para o centro do ataque (Torres, Sturridge e Piazón ?), é provável que Di Matteo o "guarde" mais vezes para ser usado quando Torres precisar de descanso.

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Liga Portuguesa: Olhanense (2) vs Estoril (1) - Notas

Olhanense
4-3-3 (duplo pivô): Ricardo | Luís Filipe, Nuno Reis, Vasco Fernandes, Babanco | Fernando Alexandre, Jander, Rui Duarte | Ivanildo, Abdi e Yontcha
Babanco foi uma boa surpresa como lateral esquerdo. Já tinha falado dele no blogue por me ter chamado à atenção como médio mais ofensivo (na posição que hoje foi desempenhada por Rui Duarte) quando jogava no Arouca.
Jander deverá fazer a sua afirmação em Portugal este ano. No ano passado já foi mostrando algumas qualidades, mas teve pouco tempo de jogo.
Veremos o que pode ser Abdi. Tem técnica, velocidade e aceleração. Se for consistente e objectivo pode ser um jogador muito importante para a equipa de Olhão.
Targino deverá ganhar o lugar a Ivanildo nos próximos jogos.
Com a chegada de Rui Sampaio, o Olhanense fica com muitas opções para um meio-campo de qualidade: Nuno Piloto, Rui Sampaio, Fernando Alexandre, Rui Duarte, Jander e Babanco.
Abdi foi um dos destaques do Olhanense

Estoril
4-3-3 (duplo pivô): Renan | Anderson Luís, Steven Vitória, João Pedro, Jefferson | Hugo Leal, Gonçalo Santos, João Coimbra | Tony Taylor, Licá e Luís Leal
Renan parece ser um bom guarda-redes, mas veremos como se comporta em jogos mais difíceis.
Steven Vitória e João Pedro formam uma boa dupla de centrais. Ambos com formação no Porto, são agressivos, mas também sabem jogar. Podem ser a base dos bons resultados da equipa.
Meio escondido, mas bem quando apareceu esteve Tony Taylor. O americano já está em Portugal há algum tempo e pode agora mostrar o seu valor na Primeira Liga.
Atenção à dupla Hugo Leal - Licá. Os passes longos do médio para a velocidade do avançado podem causar muitos estragos.
Em vez de Luís Leal no centro do ataque, Licá (em jogos fora) ou João Pedro (em casa) podem ser melhores opções e Gerso é uma opção válida para as alas. Também preferia ver Carlos Eduardo a iniciar os jogos no lugar de João Coimbra.
Steven Vitória é um dos pilares da equipa canarinha

Empréstimos - Parte 1 - Regras

Os empréstimos era um tema que queria abordar, mas por falta de tempo tenho adiado. Hoje escrevo a primeira parte de 2 textos. Este será sobre as regras vigentes, as que tentaram impor e a minha proposta. O segundo texto incidirá na vantagem (ou não) dos empréstimos para os clubes e para os jogadores.

A nossa Liga
Actualmente, a Liga Portuguesa não impõe restrições ao nível de empréstimos. Nem ao nível de duração, nem ao nível de clubes envolvidos, nem de quantidade. Sinceramente, não sei como é esta época, mas até permitia que uma equipa emprestasse jogadores a outra, beneficiando ambas as equipas da sua utilização (Braga e Vizela tinham esse protocolo em que alguns jogadores eram usados na Liga pelo Vizela e nas competições europeias pelo Braga - ex: Nuno Valente contra o Birmingham e o Club Brugge).

Alteração de regras?
Esta época, houve uma tentativa de mudar as regras não permitindo o empréstimo de jogadores por equipas do mesmo campeonato. O interesse desta alteração era acabar com a dúvida sobre a performance e lesões de jogadores aquando do confronto com o clube com o qual tem contrato. Felizmente, a última palavra cabia à FPF que não aprovou esta medida. Na minha opinião, seria um grande erro. Primeiro, o timing da decisão era muito infeliz. Muitos clubes já tinham previsto a inclusão de jogadores emprestados no plantel e era difícil arranjar alternativas dentro do orçamento da equipa (talvez se entrasse em vigor na época seguinte, não fosse tão má ideia). Em segundo lugar, os empréstimos entre equipas do mesmo escalão são uma boa maneira de realizar negócios a baixo custo por parte de todos os clubes (os maiores reduzem custos com a inclusão de jogadores emprestados, os outros recebem jogadores de boa qualidade a custo quase nulo). E ainda há o benefício para os jogadores que têm hipótese de competir no primeiro escalão do futebol português, o que ainda este ano garantiu a Atsu o lugar na primeira equipa do Porto, por exemplo.

27 jogos, 23 como titular, 6 golos e inclusão na primeira equipa na época seguinte ao empréstimo:
Atsu é um bom exemplo do que devem ser os empréstimos na Primeira Liga

As "minhas" regras
Se acho que as restrições a incluir prejudicariam o futebol português, também não sei se a ausência das mesmas é benéfica. Assim, proponho:
: Máximo de jogadores emprestados inscritos por equipa (por exemplo: 4)
: Máximo de jogadores emprestados inscritos por equipa pela mesma equipa (ex: 1)
: Autorização de empréstimo adicional de meia temporada (Agosto-Janeiro/Janeiro-Maio | ex: 1 jogador)

A primeira serve para limitar a dependência de jogadores exteriores ao clube, a segunda para limitar as dúvidas sobre a "verdade desportiva" e a terceira para cobrir situações excepcionais como vendas de última hora ou lesões prolongadas. Obviamente que todas as regras seriam impostas não nesta época, mas na próxima.

sábado, 11 de agosto de 2012

Brasil: 4-3-1-2 vs 4-2-3-1 - Dinâmica em campo

O Brasil iniciou a final dos Jogos Olímpicos a jogar num 4-3-1-2. As coisas não estavam a correr bem e Mano Menezes alterou para o mais tradicional 4-2-3-1. O que falhou?

4-3-1-2
Neste desenho tático, Mano Menezes procurou ter um jogador a proteger as subidas de Marcelo (Alex Sandro), sacrificando Hulk. Óscar e Leandro Damião procuravam preencher a vaga no lado direito do ataque. Ambas as situações foram prejudiciais para o estilo de jogo brasileiro. A presença de Alex Sandro impedia a explosão de Marcelo e o arranque de Neymar (que precisa/gosta de procurar a bola em zonas mais recuadas para poder "embalar") e as movimentações de Óscar e Damião faziam com que a equipa perdesse referências no centro, fosse o organizador ou o pivô.
Como o Brasil começou o jogo


4-2-3-1
Com a entrada de Hulk e a saída de Alex Sandro, houve um equilíbrio da equipa. Óscar e Damião puderam-se concentrar nas suas acções, Neymar e Marcelo ficaram com mais liberdade de movimentos e o lado direito do ataque ficou ocupado.
Brasil no início da 2a parte
Conclusão
Não pretendo dizer que um desenho seja melhor que o outro (nem seria sensato fazê-lo). Aqui, o objectivo é fazer entender que a dinâmica de uma equipa é complexa. A entrada de Alex Sandro para proteger a equipa dos movimentos ofensivos de Marcelo e Neymar parece ser boa no papel, mas revela-se um fracasso no relvado. Mantendo o 4-3-1-2, a solução para o tornar mais viável poderia ser a inclusão de Danilo no lugar de Rómulo pois daria mais largura na direita e permitiria que Alex Sandro jogasse mais interior. Ainda assim, com a quantidade e qualidade de soluções de que o Brasil dispõe para a frente de ataque, a alteração para outro desenho parece o mais adequado (na minha opinião, aos 60 minutos Danilo podia ter entrado para o lugar de Rafael e Lucas Moura para o lugar de Rómulo/Sandro com Óscar a jogar mais recuado).