domingo, 25 de julho de 2010

Sporting e a "Síndrome de Henry"

Lembro-me da altura em que Henry saiu do Arsenal e alguns jogadores disseram que se sentiam "aliviados" por ele sair. Apesar da sua inquestionável qualidade, a equipa tinha-se tornado muito previsível por estar tão refém de um único jogador.











Vendo o Sporting sinto o mesmo. Pelo que deu à equipa, Liédson tornou-se mais importante que a equipa e todo o jogo do Sporting se tornou previsível. Anulando Liédson, anulava-se o Sporting.

Nesta pré-época, sem Liédson, Paulo Sérgio recorreu a outros jogadores. Explorou Djaló a extremo, Postiga como segundo avançado e na frente Saleiro. Djaló pode explorar a sua velocidade e técnica, Postiga fica mais livre para fazer o último passe e rematar de longe e Saleiro joga mais solto na frente e tem um jogador ao seu lado que parece entender melhor o seu estilo de jogo (Postiga). Sem algum deles ser um exímio finalizador, vão repartindo os golos. A equipa ataca melhor e alguns activos são valorizados.

A possibilidade de perder Djaló antes da época começar é que pode ser um erro tremendo, mesmo acreditando que Salomão, Izmailov e Vukcevik (supondo que Valdés jogará na outra ala) podem ser boas soluções para as alas, não me parece que nenhum deles tenha a capacidade para desequilibrar que Djaló tem.

Obviamente que não acredito que a melhor solução para os casos de "Síndrome de Henry" seja vender o jogador, principalmente nos casos em que é pouco provável que seja feito um bom encaixe com a sua venda. A solução passa por encontrar um sistema alternativo, com outros jogadores que permitam a inclusão do jogador que provocou a "dependência" noutro momento (seja outro momento de jogo ou outro momento da época). E aqui parece que o Sporting encontrou uma boa solução. Jogando neste tipo de 4-4-2 (quase 4-2-3-1), pode ter na frente Postiga e Saleiro ou Matias Fernandez e Liédson. Liédson continua a jogar sozinho na frente e Matias joga na sua posição predilecta - "enganche".










Claro está que isto é um exercício puramente teórico, mas veremos durante a época o que acontece ao que parece ser uma boa ideia (se Liédson não voltar a ser titular indiscutível)

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Europeu Sub-19: Portugal vs Espanha - As bases do bom futebol

Ver esta selecção da Espanha a jogar é uma experiência quase igual a ver a selecção sénior. Os jogadores mudam, mas o estilo de jogo é o mesmo, prova de que está bem definida a identidade do futebol espanhol.

Esse estilo de jogo assenta em 2 pilares importantes: recepção e passe. As bases do bom futebol. Mais que remates fantásticos, fintas impossíveis e carrinhos de última hora, o que serve de alicerce para o bom futebol, são estes dois elementos.

Recepção
A recepção de bola deve ser feita ao primeiro toque, preferencialmente com orientação. Isto é, qualquer bola que nos seja endossada deve ser controlada (/dominada) de maneira a facilitar o próximo movimento, seja ele um passe, remate ou drible.

Passe
Apesar de muitas vezes se insistir no passe curto (em desprezo de passes longos), o que deveria ser prática convencional era um jogador (seja ele defesa, médio ou atacante) ser capaz de executar qualquer tipo de passe dependendo da situação de jogo. Não o ser, implica quebra na fluidez de jogo de uma equipa. Exemplo: se um jogador tem oportunidade de lançar um atacante que fica isolado frente ao guarda-redes, só o faz se tiver confiança para fazer esse passe. Confiança essa que é ganha com a prática (/treino). Se não tomar essa opção, provavelmente vai ser obrigado a fazer um passe curto para outro jogador e até pode ser obrigado a jogar para trás (não que isso seja mau em todos os casos, mas neste, tendo em conta as possibilidades, seria).


PS:
De notar que se neste grupo de jogadores, já temos uns quantos acima da média, casos de Canales, Pacheco e Alcântara, por exemplo, não é menos verdade que há outros jogadores de topo com idade muito próxima (que penso que não podiam participar neste evento), como são os casos de David De Gea, Bojan Krkic e Fran Mérida. Todos estes jogadores deverão fazer parte do futuro (que se prevê muito bom) do futebol espanhol.

sábado, 10 de julho de 2010

Renovação da Selecção Pós-Mundial

É fácil de prever que alguns dos jogadores que participaram neste Mundial não mais voltem a jogar pelas suas selecções nacionais. Nalguns casos foram os próprios a tomarem essa decisão, noutros será uma decisão tomada pelo seleccionador.

Observando a nossa Selecção e a idade actual de alguns jogadores é evidente reparar que na altura do próximo Euro alguns poderão já não ter a forma física necessária e obviamente que algumas das suas qualidades já não serão tão "interessantes" (se pensarmos no Mundial de 2014, então ainda se torna mais evidente).

Estes foram os convocados para o Mundial 2010 (à frente do nome segue a idade actual):
GR:
Eduardo - 27
Beto - 28
Daniel Fernandes - 26

Jogadores de Campo:
Paulo Ferreira - 31
Miguel -30
Duda -30
Fábio Coentrão -22
Ricardo Carvalho - 32
Bruno Alves - 28
Ricardo Costa - 29
Pepe -27
Rolando - 24
Tiago - 29
Raúl Meireles - 27
Miguel Veloso - 24
Deco - 32
Rúben Amorim - 25
Pedro Mendes - 31
Cristiano Ronaldo - 25
Danny - 26
Simão - 30
Hugo Almeida - 26
Liédson - 32

Se juntarmos 2 anos (pensando no Euro), temos 11 jogadores com menos de 30 e apenas 3 destes terão 26 ou menos. Estes 11 em princípio serão a base para a equipa que estará no Mundial (não estarão necessariamente todos nesse Mundial). São eles:

Eduardo, D. Fernandes, Coentrão, Pepe, Rolando, Meireles, Miguel Veloso, Rúben Amorim, Cristiano Ronaldo, Danny e Hugo Almeida.

Daqui a 2 anos 8 jogadores terão mais que 31 anos: Paulo Ferreira, Miguel, Duda, Ricardo Carvalho, Deco, Pedro Mendes, Simão e Liédson.

Excluindo estes e partindo dos 11 que mencionei antes temos: (fazendo as contas a 3 GR e 2 jogadores por posição em 4-3-3, por ser a táctica normalmente usada pela selecção)
GR: Eduardo, D. Fernandes, +1
DD: +2
DE: Fábio Coentrão, +1
DC: Rolando, +3
MD: Pepe, Rúben Amorim
MC: Meireles, Miguel Veloso, +2
EX: Ronaldo, Danny, +2
PL: Hugo Almeida, +1

Quem pode preencher estes espaços? Partindo dos mesmos princípios, elaborei uma pequena lista que me parece ter alguns dos principais jogadores a ter em conta:

GR: Beto, Rui Patrício
DD: Bosingwa, João Pereira
DE: Emídio Rafael, Sílvio
DC: Bruno Alves, Ricardo Costa, Carriço, Fábio Faria, Sereno, Miguel Vítor
MC: Tiago, João Moutinho, Carlos Martins, Manuel Fernandes, Rúben Micael, Hugo Viana, Paulo Machado
EX: Nani, Ukra, Varela, Quaresma, Djaló, Vieirinha
PL: Orlando Sá, Yazalde, João Silva

Mais uma vez se nota que maior falta de opções reside em 3 posições:
Guarda-Redes, Defesa Esquerdo e Ponta-de-Lança

Tendo em conta o historial e as qualidades de cada jogador apontava como base da selecção para o Euro:

GR: Eduardo, Rui Patrício e Daniel Fernandes/Beto
DD: Bosingwa e João Pereira
DE: Fábio Coentrão e Emídio Rafael/Fábio Faria
DC: Bruno Alves, Rolando, Carriço e Sereno/Fábio Faria
MD: Pepe e Rúben Amorim
MC: Miguel Veloso, Raúl Meireles, Manuel Fernandes/Tiago/João Moutinho/Rúben Micael (2 dos últimos 4)
EX: Ronaldo, Nani, Varela e Ukra/Djaló/Quaresma
PL: Hugo Almeida e Orlando Sá

Na baliza, tendo em conta que Daniel Fernandes não parece ser uma solução de longo prazo, a aposta em Beto mesmo que como terceira opção não parece descabida.

Como lateral esquerdo Fábio Faria pode ganhar pela polivalência que oferece.

A central, pode haver algumas dúvidas, nomeadamente na convocatória de Ricardo Carvalho. Apesar de a idade o deixar mais próximo do lado de fora, a experiência pode garantir-lhe um lugar na selecção, mesmo que não seja uma das primeiras opções para o lugar. Não me parece que Ricardo Costa possa voltar a entrar nas contas.

Quanto ao meio-campo, mais que uma questão de qualidade pode ser uma questão de estilo de jogo e/ou "química" entre jogadores: Veloso, Moutinho e Manuel Fernandes já jogaram muitas vezes juntos, Rúben Micael e Meireles jogaram 6 meses juntos, Micael e Moutinho em princípio jogarão esta época juntos (não conto Meireles, por ser muito provável a sua saída).

Excluí o Danny, porque não me parece (como já referi em posts anteriores) que seja um extremo. Vejo-o como um médio ofensivo ou um segundo avançado. Na escolha entre Ukra, Quaresma e Djaló pode ter muita influência o ritmo competitivo. É expectável que Quaresma seja titular no Besiktas, já Ukra deverá ser suplente no Porto e há rumores de uma possível transferência de Djaló (em qualquer situação é difícil de prever se será titular ou não)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Mundial 2010: Espanha vs Alemanha - Puyol












A selecção espanhola controla o jogo, joga onde mais gosta, troca a bola como sabe, mas falta melhor entendimento no último quarto de terreno para chegar ao golo. Continua no jogo de paciência que o Barça nos habituou, agora com a ajuda de Xabi Alonso e da sua nova contratação, Villa. Mas o golo tarda.

O jogo da Espanha, tal como o do Barça, é de domínio técnico e táctico. Posicionamento (/movimentação sem bola), recepção, passe, criatividade e visão de jogo são as principais qualidades que os seus intérpretes devem possuir.

Porém, contra esta Alemanha, isto não chega. É então que surge Puyol. Quando o jogo parece não ter dimensão física além do esforço dos adversários para conseguirem fechar os caminhos para a sua baliza nem dimensão psicológica além da paciência dos médios espanhóis, aparece Puyol a mostrar que paixão e raça também fazem parte deste jogo. Parece que qualquer lance pode decidir um jogo e Puyol está lá para acabar com ele. Há um lance que mostra a sua essência. Confusão na área espanhola, Puyol cai e quase no mesmo instante levanta-se porque a bola ainda está perto.



O golo foi um bónus que deu o jogo à Espanha. Foi um momento de contraste. Quem o marca é quem menos personifica o estilo de jogo da equipa. Técnica vs Raça. Arte vs Paixão.

Marca sendo mais inteligente que os adversários. Quem diria que Espanha conseguia marcar um golo à Alemanha de canto? Ainda por cima não vindo de Busquets (1,89 m) ou Piqué (1,92), os únicos que conseguem lutar com a altura dos alemães Neuer (1,93), Mertesacker (1,98), Boateng (1,92), Friedrich (1,85) e Khedira (1,89)! Inteligência vs Força (ele próprio personifica mais a força que a inteligência, mas neste caso foi o contrário).

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Mundial 2010: Holanda vs Brasil - Robben e Sneijder














São as 2 faces da vitória da Laranja Mecânica sobre a Canarinha.


Sneijder
O cérebro da equipa, por ele passa todo o jogo da equipa. Além disso, marcou um dos golos (quase que se podia atribuir o primeiro a ele)

Momentos:
Minuto 53: Na marcação de um livre, Sneijder toca curto para Robben, este devolve e Sneijder cruza tenso para a área. Falta de comunicação entre Felipe Melo e Júlio César dá o golo do empate à selecção holandesa.
Minuto 68: Canto da esquerda, Heitinga desvia ligeiramente ao primeiro poste e Sneijder emenda para golo.
Minuto 84: Numa jogada confusa na área brasileira, a bola sobra para Sneijder que podia ter acabado o jogo, mas remata para defesa de Júlio César.

Robben
Bola nos pés dele é sinal de perigo. Michel Bastos que o diga!

Momentos:
Minuto 37: Á terceira falta de Michel Bastos sobre Robben, o árbitro mostra-lhe o amarelo.
Minuto 53: Sofre a falta que origina o golo do empate.
Minuto 62: Dunga percebe que o cartão vermelho de Michel Bastos pode chegar a qualquer momento devido à sua incapacidade para travar Robben sem ser em falta e subsitui o ala por Gilberto.
Minuto 68: Robben marca o canto que dá o segundo golo à equipa holandesa.
Minuto 73: Felipe Melo é expulso por pisar Robben.

Obviamente que as exibições não se resumem a alguns momentos, mas estes foram os que mais marcaram as exibições individuais e provavelmente as que mais influenciaram o resultado.