sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Empréstimos - Parte 2 - Vantages/Desvantagens

A parte 1 reportava às regras actuais e as minhas sugestões. Esta parte incidirá na problemática na perspectiva dos clubes e dos jogadores.

Clube que empresta

Vantagens

Em Portugal, tipicamente acontece com jogadores nos primeiros anos de sénior, o que lhes dá uma oportunidade de experimentar os campeonatos profissionais. Para o clube que empresta, a principal vantagem é ter um jogador com mais oportunidades de jogar. Economicamente, pode permitir repartir o salário com a outra equipa mas, geralmente, não tem grande benefício a esse nível.

Desvantagens

Muitas vezes, o problema reside na dificuldade em seguir e regular (leia-se, treinar/jogar de melhor forma a garantir) a evolução do jogador. Outra desvantagem é o nível competitivo da equipa. Por exemplo, uma equipa que luta pelo campeonato tem naturalmente uma componente competitiva totalmente diferente de uma equipa que luta por não descer (é diferente trabalhar por um objectivo de trabalhar para um "não-objectivo"). Seja a nível interno (luta por um lugar no 11, por exemplo) ou a nível externo (objectivos da equipa para cada jogo). Com isto quero salientar que torna-se difícil estar preparado para jogar numa equipa que luta por um campeonato, fazendo a "preparação" numa equipa que luta pela manutenção.

Clube que recebe o jogador

Vantagens

Em situações normais será um jogador com uma capacidade potencial e talento que não estão ao alcance dessa equipa. A nível económico, tem um jogador capaz no plantel a reduzido custo

Desvantagens

Falta de motivação pode ser um problema. Um jogador que fez a formação numa equipa de topo e tem o sonho/objectivo de jogar por essa equipa vê-se numa equipa que não corresponde a esses mesmos sonhos/objectivos. Outra desvantagem pode ser a "sobre-dependência" dos empréstimos. Por falta de rigor na gestão do plantel, uma equipa pode ter muitos jogadores do seu onze base que não lhe pertencem. Isto cria 2 problemas: o primeiro é a necessidade de refazer o plantel na época seguinte (supondo que os empréstimos não se mantêm), o segundo é o da relação jogador-público. Se o público não o sente como jogador da casa, não o apoiará tanto (e poderá até criticar por falta de empenho, justa ou injustamente) e isso poderá levar a um decréscimo de rendimento. Quando o clube está em "sobre-dependência", pode diminuir a ligação do público com a equipa. Por último, a questão das camadas jovens do clube que recebe o jogador. Obviamente que se o lugar é ocupado por um jogador de outro clube, não é ocupado por um jogador formado(/com contrato) pelo próprio clube. Isto pode levar a situações de empréstimo de jogadores que de outra forma teriam lugar (por exemplo, no caso de Kelvin e Atsu no Rio Ave, Renato Santos e Feliz foram emprestados a Moreirense e Trofense, respectivamente).

Jogador

Vantagens

Aqui, a história repete-se: tem possibilidade de experimentar um campeonato profissional e jogar regularmente. Além disso, no caso de não existir empréstimo, a solução poderia passar pela dispensa do jogador, que poderia ser ainda mais gravosa para a carreira.

Desvantagens

A diferença na qualidade e no ambiente competitivo das 2 equipas pode ser pouco interessante para o jogador, retirando-lhe motivação. Os sucessivos empréstimos, são altamente prejudiciais, pois não permitem que o jogador tenha estabilidade e capacidade de decidir o seu futuro (fica na mão do equipa com a qual tem contrato)

Conclusão

Seria importante que a quantidade de jogadores emprestados por uma equipa fosse regulado, não necessariamente por uma regra imposta pela Liga ou Federação, mas pela própria equipa de gestão do plantel (Director Desportivo/Treinador/Presidente, etc.). Para as equipas que recebem os jogadores era interessante o limite de jogadores para evitar a "sobre-dependência" (como escrevi na parte 1 do texto). A escolha da equipa a que o jogador é emprestado deveria ser vista mais do ponto de vista desportivo do que económico. Por exemplo, se calhar, seria mais produtivo para o Porto/Benfica/Sporting emprestar um jogador a uma equipa estilo Basileia (luta pelo campeonato Suiço), Liège (luta pelo campeonato Belga) ou mesmo uma equipa da segunda liga inglesa ou alemã do que a algumas equipas da primeira divisão portuguesa.

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