quarta-feira, 26 de junho de 2013

Jamshid Iskanderov e a seleção do Uzbequistão - Bela surpresa!

Não tinha programado ver o Croácia-Uzbequistão, porque nenhuma das equipas me chamava particularmente a atenção, no entanto o jogo estava animado e fiquei a ver. Tanto que quando dei por mim, o jogo já tinha chegado ao intervalo. Para o meu interesse, muito contribuiu a qualidade da seleção uzbeque, tanto coletivamente como individualmente, principalmente do número 10, Jamshid Iskanderov. Técnica acima da média e uma visão de jogo fabulosa. Não deverá demorar a chegar a outros patamares. Mas há mais jogadores interessantes. O médio ala (também joga como interior) Makhstaliev, por exemplo. Tecnicamente também é muito bom, o comentador chegou a compará-lo a Moutinho e percebe-se porquê: taticamente parece já de nível sénior europeu.

Iskanderov: Talento uzbeque pronto para a alta roda europeia

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Abordagens ao mercado - AS Monaco e as possibilidades

Com fundos quase infindáveis, o AS Monaco quer tornar-se rapidamente uma potência a nível mundial. No entanto, joga numa liga que não tem o mediatismo de outras ligas (inglesa e espanhola, principalmente) e este ano a equipa não participa na Liga dos Campeões. Para já, a abordagem ao mercado tem sido no sentido de conseguir jogadores de Top seja a que custo for. Falcao, James Rodríguez, Moutinho e Carvalho já estão garantidos e mais virão.
O que proponho neste texto é mostrar que havia outras hipóteses com custos mais baixos que tornariam a equipa competitiva no mercado interno e só a necessitar de alguns ajustes para mais tarde (num prazo de 2/3 anos) ser capaz de discutir fases avançadas das competições europeias.

Começando pela equipa que findou a época

Mónaco contra o Tours (último jogo da época)
Algumas alterações face ao 11 base, mas sistema mantém-se

Joga em 4-4-2 (4-4-1-1), com extremos criativo (Nabil Dirar, Ferreira-Carrasco), duplo pivô constituído por um jogar mais posicional/defensivo (Mendy) e um jogador de organização/transição (Obbadi) e na frente um PL fixo (Touré) e um segundo-avançado móvel (Germain).

Passando às abordagens ao mercado, vou enumerar 3. Não refletem todas as possibilidades naturalmente, mas opções que os diretores desportivos em conjunto com os treinadores podem tomar.

1. Mercado Interno

Tem um lado desportivo interessante pois todos os jogadores conhecem o campeonato e os treinadores têm um maior tempo de observação. Por outro lado, tem a vertente estratégica: anula a competição. A ideia passa por retirar os melhores jogadores às equipas concorrentes. Poderia passar por:

Jogadores da Ligue 1, maioritariamente franceses.
Entre eles contam-se 57 golos (G) e 62 assistências (A) só em jogos da Liga.

2. Descidas

Havendo muito talento, é natural que alguns jogadores de grande nível acabem por estar incluídos em equipas que descem de divisão. Com o objetivo de reduzir custos com pessoal e não ter profissionais desmotivados, é natural estas equipas venderem os seus jogadores a preços relativamente baixos. Olhando apenas às descidas das ligas alemã, italiana, inglesa e espanhola, temos:

Aproveitamento das descidas.
Naturalmente, que estatisticamente é uma equipa pior, não se
traduzindo diretamente numa menor qualidade dos jogadores:
23G, 26A.

3. Mercados Baratos

Ainda dentro do mercado europeu e de topo, há 2 mercados interessantes que têm preços relativamente baixos e têm sido inclusive aproveitados por outras ligas (inglesa e ucraniana, principalmente). Falo da Liga Holandesa e da Espanhola (fora as equipas da CL). Talento não falta, uma seleção possível é:

Ligas Espanhola e Holandesa. Muito talento a preço razoável.
68G, 61A. Impressionante estatisticamente, principalmente os 4 da frente (59G, 46A).

Nota: Não fiz um trabalho muito grande de pesquisa e observação. Obviamente que quanto maior o tempo despendido nestas 2 tarefas maiores seriam as probabilidades de descobrir talento a preços ainda mais baixos. Outra coisa que importa esclarecer é que este texto cinge-se ao mercado europeu, havendo muitos jogadores capazes e que representariam um bom investimento noutros mercados, nomeadamente o sul e centro americano. Por último, em cada abordagem ao mercado foram escolhidos apenas 11 jogadores. Naturalmente, muitos ficaram de fora e podiam muito bem fazer parte. Não é por não estarem nestas propostas que acho que não teriam qualidade para estarem.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Espanha: um ou dois pivôs?

Na Liga Espanhola é quase tradição jogar com duplo pivô. Um mais defensivo/posicional, outro mais dinâmico/organizador. Na selecção principal, Del Bosque optava por uma solução alternativa. Duplo pivô, mas com 2 jogadores posicionais: Busquets de passe curto, mais preocupado com equilíbrios e Xabi Alonso de passe longo. O organizador, Xavi, jogava à frente dos 2. No entanto, tanto em alguns jogos de qualificação como no 1º jogo da Taça das Confederações, surgiu uma alteração: pivô único. Neste último jogo foi Busquets.
Por outro lado, a selecção sub-21 iniciou o Euro da categoria com Illarramendi como pivô único, mas a partir do 2º jogo, Lopetegui mudou para 2 pivôs: Koke e Illarramendi.

Sub-21


1 - Primeiro jogo do Euro Sub21; 2a - Resto da competição; 2b - Variação com Isco na direita
(na variação, Thiago e Isco trocavam muitas vezes de posição)

Selecção A

1a - Equipa base do Mundial anterior; 1b - Jogo de qualificação contra a França;
2 - Primeiro jogo da Taça das Confederações

Dinâmica

Naturalmente, o problema não se resolve por análise do desenho táctico (estático). O importante é perceber a dinâmica que os jogadores dão a esse mesmo desenho.
No caso da sub-21, Thiago e Isco jogavam muito subidos e deixavam muito espaço nas costas para Illarramendi defender. A entrada de Koke permite dar liberdade a Illarramendi, mantendo um médio bastante capaz com bola e levando Thiago e Isco para espaços de decisão do jogo sem os retirar da organização.
Na seleção A, Busquets e Xabi Alonso eram demasiado posicionais, principalmente com Xavi que procura muito a bola em zonas recuadas. Na saída de bola tornava-se quase um triplo pivô (obriga a ter muitos jogadores da equipa que ataca atrás da linha da bola, impedindo a progressão). Outro factor importante é que a sobre-ocupação do meio obrigava Iniesta a jogar mais encostado na ala. Sem Xabi Alonso, Iniesta joga mais por dentro e tem mais bola. Também permite ter mais um avançado. Desta vez o escolhido foi Soldado. Cesc ganha liberdade e joga em trocas posicionais com Iniesta entre a ala e a posição de enganche.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Toulon 2013 - Portugal, Bélgica, França, Coreia do Sul e Brasil

Portugal

A jogar num tradicional 4-3-3, em dinâmica tem várias formas, principalmente o 4-2-3-1. Defensivamente, muitas referências individuais. Pode ser pelo pouco tempo de trabalho ou preferência do treinador. Até ao Mundial Sub-20 (começa a 21 de Junho) isso deve ficar bem esclarecido e treinado.
Ofensivamente, é um alívio ver os melhores jogadores serem os médios, o que obriga a passar a bola por essa zona (ao contrário do que acontece na selecção principal). Tozé é um "10" criativo, excelente tecnicamente e de remate fácil e João Mário é inteligente e fantástico no passe, joga como "8" ou como "6" em duplo pivô. Ricardo Alves jogou como pivô defensivo, mas é essencialmente um médio de transição. Agostinho Cá integrará a equipa nos próximos dias e deverá ser o titular na posição "6". No banco, André Gomes e Tiago Silva são garantia de qualidade no meio-campo

Portugal (vs Bélgica)

Bélgica

Tem imensos talentos jovens de alto valor na alta roda do futebol, mas esta selecção sub-20, apesar de alguns talentos, ainda não tem capacidade de competir com as maiores forças nestes escalões (perdeu 2-1 com o Brasil e 2-0 com Portugal). Malanda é um "6" posicional, já com muita rodagem na 1a Liga Belga (titular indiscutível na surpresa deste ano, Zulte-Waregem), Praet tem pormenores de qualidade como "10" a jogar solto, caindo muitas vezes nas alas. Ferreira-Carrasco vai ter uma época difícil depois de uma época a titular no Mónaco, deverá ser difícil continuar o bom trabalho (27 jogos, 6 golos, 6 assistências). Joga preferencialmente na ala, mas também pode jogar como "10". Bakkali entrou cheio de energia contra Portugal e mostrou pormenores interessantes. Na ala esquerda será difícil entrar, mas o concorrente directo para a ala direita não parece ser de nível muito alto. De notar que Bakkali é de 96 e grande parte dos jogadores deste torneio são de 92 e 93.

Bélgica (vs Portugal)

França

Apresenta-se num 4-3-3 com posições pouco fixas (dinamicamente transforma-se muito). Fisicamente é muito forte, principalmente na velocidade de passada, mas tecnicamente não achei muito interessante. Eysseric é o organizador de jogo e parece o mais desenvolvido tecnica e tacticamente. Coeff impressiona pela qualidade com bola. Central de grande futuro. Gilbert Imbula é parecido com Malanda, trinco físico e posicional, cai muitas vezes no meio dos centrais, avançando os laterais Sidibé e Traoré. Entre Imbula e Eysseric vagueia Mendy. Jogador interessante com futuro indefinido (não deve ficar no Mónaco).

França (vs Coreia do Sul)

Coreia do Sul

Um dos adversários de Portugal no Mundial Sub-20 (com Nigéria e Cuba). Joga em 4-4-2, com um dos avançados com muita liberdade de movimentos. É o número 7, Ryu Seungwoo. Só vi 1 jogo desta equipa, mas pareceu-me o melhor jogador. Bom tecnicamente e inteligente. Além disso, ajuda muito defensivamente (quando a equipa adversária se aproximava da área era normal vê-lo junto do lateral e do extremo ou perto dos 2 médios centro). Acima de tudo, a equipa vale pelo conjunto e pela sua organização. Das equipas que tive oportunidade de ver, é de longe a mais organizada.

Coreia do Sul (vs França)

Brasil

Uma equipa à sua imagem. Técnica, técnica, técnica e pouco mais. Mas a qualidade é tanta que deve chegar para um lugar na Final e até para vencer a competição. Os 2 centrais são bons, especialmente Dória (já elogiado neste blogue, o outro é Wallace). Douglas Santos e Tinga são a imagem de um Brasil à procura de novos Cafús e Roberto Carlos. Não são maus, mas estão longe da qualidade do típico lateral brasileiro. No meio-campo, Matheus Biteco é o pivô defensivo. Corta e passa. Acabou o jogo como lateral direito. À sua frente, um dos jogadores mais interessantes da equipa: João Schmidt. Ao estilo de João Mário, é ele quem organiza o jogo e faz a ligação defesa-ataque. Segue-se Danilo. Começou como segundo avançado, acabou como médio centro. Parece capaz tacticamente, mas era preciso mais tempo para tirar a prova. Na ala direita joga Mamute. Faz lembrar Hulk na potência de corrida, mas parece mais ágil. Depois, Ademilson e Vinicius Araújo. São ambos avançados centro, mas Ademilson acabou por jogar mais encostado na esquerda. Têm muito golo nos pés e certamente grande futuro à sua frente. Por fim, falta falar de Rafinha. A qualidade é indiscutível e só uma chegada tardia à selecção (compromissos com a equipa) o impediu de fazer os primeiros jogos. Seria interessante ver se há alteração no estilo de jogo com a entrada de um jogador.

Brasil (vs Portugal)