sexta-feira, 12 de abril de 2013

Posse para criar desorganização

Muita gente critica o Barcelona dizendo que só faz posse pela posse. Sem objetivo claro. Não é verdade. Veja-se o 1º golo contra o Maiorca.


Barcelona's first goal vs Mallorca (27 passes) por allasfcb

Agora, analisando 2 momentos importantes. O primeiro, quando inicia a troca de bola em organização ofensiva:
Início da troca de bola em organização
Vemos o Maiorca organizado. 3 linhas: 4 defesas, 4 médios, 2 avançados. Pode-se criticar o controlo da largura pelo extremo esquerdo, mas possivelmente será assim que treina, logo depende da dinâmica defensiva da equipa para perceber se está correto ou não o seu posicionamento.

O segundo momento, é após alguma troca de bola e pouco antes do golo:
Momentos antes do golo
O Maiorca mantém 3 linhas, mas já bastante desorganizado: 6 defesas, 3 médios no espaço central, 1 avançado. Piqué dá a bola a Iniesta que tem tempo para rodar e enquadrar. Passa a Fabregas que recebe no espaço entre-linhas, tabela com Alexis e golo! Excelente também o pormenor de Alexis no momento em que Cesc enquadra a dar o engodo da procura da profundidade e ficar para trás para oferecer a linha de passe.

Claro que não é só bom trabalho do Barcelona. Aliás, neste golo há muitas falhas na organização defensiva do Maiorca, mas muitas delas são potenciadas pelo trabalho feito pelos jogadores do Barcelona em posse (seja o passe ou a movimentação sem bola).

11 comentários:

  1. Boas Luís, jogo interior, importância vital de jogar dentro do bloco adversário... Depois criatividade na criação de linhas de passe de rotura ou de apoio... Pah quem diz que o Barcelona faz posse por posse não percebe nada de futebol.. Se o fizesse nunca estaria a maior parte do tempo no meio campo adversário, pois aí é mais provável de perderem a bola.
    Ainda assim já não é o mesmo Barcelona, com a mesma fluidez e com o mesmo sentimento de superioridade sobre as outras equipas.

    Grande post, um abraço.

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    1. Antes de mais, obrigado!

      Sim, já não é o mesmo Barcelona. Menos equilíbrio em organização e na última fase da transição defensiva (por exemplo: Busquets sai da posição "6" e ninguém a ocupa) e muito menos "pro-actividade" na primeira fase da transição. Ofensivamente, também andaram muito tempo a insistir em Iniesta e Cesc a trocarem posições entre interior esquerdo e extremo e nenhum deles é jogador para extremo. Acabavam sempre por ter pouca largura e verticalidade num dos lados.
      Mas quem tem Messi, tem tudo. Até lesionado...

      Já agora, não sei se viste o Thiago contra o Zaragoza. Aconselho. (http://www.youtube.com/watch?v=HUOlqGhZu7g)

      Abraço!

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  2. Sim, a transição foi o que mais me chamou a atenção nos jogos contra o Madrid. Inclusive disse numa caixa de comentários do entredez :" saem todos a bola, não fica ninguém nas coberturas " o que leva o adversário pelo encontrar de espaços a sair em segurança, mesmo que esteja padronizado para sair rápido como o Madrid.

    Vou ver, mas só amanhã.
    Abraço

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  3. Luís, looool esse miúdo vai ser monstro!!!! Incrível esses minutos. Falta-lhe jogo, mas o melhor estímulo ele já tem. Treinar e jogar com os melhores.
    Que acerto, e que criatividade ao colocar os passes de risco. Bolas, que jogador! Calçava já em qualquer outra equipa do mundo!

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  4. Mesmo. É a cultura espanhola misturada com a "ginga" brasileira. Acho que só não calçava em 3 equipas: Barcelona, Bayern (Bastian e Muller/Kroos) e Real (na modelo de jogo actual preferia vê-lo no lugar do Alonso de que nunca fui grande fã, mas pensando num meio-campo com Modric, Kaká e Ozil, seria muito difícil).

    Ainda assim, acho que o modelo de jogo do Barcelona não é o ideal para ele. Acho que numa equipa que jogasse um futebol mais directo o potenciava muito mais (Real Madrid do Mourinho, por exemplo ou mesmo o Man Utd). Olha muito para a frente (e tem dificuldade a temporizar).

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  5. A qualidade do Barcelona FC é inegável. A posse de bola é a imagem forte desta equipa, mas eu acho que em momento algum eles tiram os olhos da baliza e este golo é exactamente a prova disso :)

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    1. Obrigado pelo comentário. Era exactamente o que queria provar com este texto.

      (Só uma observação: cuidado com esse "em momento algum". Tal como as outras equipas de top, há momentos do jogo em que interessa fazer posse pela posse com risco muito baixo.)

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    2. Exactamente. Obrigado pela correcção :)

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  6. Sim, tem características diferentes dos outros médios do Barcelona. Mas isso é bom! Dá ainda mais variabilidade dentro do modelo de jogo deles. Não creio que ganhasse notoriedade num jogo mais directo, porque aí ia ter muito menos vezes a bola, ia aparecer pouco. Principalmente no Real de Mou, onde Modric tem pouca notoriedade...
    Mas mesmo no Real e no Bayern, comigo como treinador, calçava.
    Abraço

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    1. Percebo a ideia de ter um jogador diferente para ganhar variabilidade (tal como dizes), mas o meu medo nesses casos é que haja diferenças muito grandes entre o estilo do jogador e da equipa e, às vezes, é o que sinto a ver o Thiago.
      A comparação com Modric é que não sei... E não é aquele "não sei" de por em causa o que dizes, é mesmo por não ter pensado bem no assunto. Talvez tenhas razão. A ideia que tinha para o Thiago no Real era muito aproximada do que o Sahin fazia no Dortmund (e Sahin em Madrid também não correu muito bem...)

      Já agora, no Bayern como é que jogavas com ele?

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  7. Percebo o teu receio. Mas ainda assim, como te digo, ele cresce dentro de uma equipa onde esse risco é minimizado. Quero com isto dizer que o estilo da equipa é tão forte e vincado que será certamente o jogador a adaptar-se ao estilo da equipa por perceber que o que fazem é bom. Isso caso ele queira despontar lá.
    As dinâmicas de grupo são muito fortes. E esta do Barcelona tem tanta vitória em cima (reforço positivo) que o próprio jogador nem precisa de pensar muito para saber que se tem de aproximar do estilo da equipa. E depois, essas diferenças são essencialmente de minutos de jogo. Ansiedade e necessidade de mostrar serviço. Imagina que ele jogava regularmente, que os índices de confiança estivessem no máximo. Não achas que ia ter muito menos pressa? Não fazendo com que cada acção sua tivesse de ser decisiva? Claro que também é da qualidade na tomada de decisão, mas ela é também muito influenciada pelo que te digo.
    A comparação com o Modric foi no sentido de mostrar que um criativo no Madrid, a jogar no meio campo, sofre muito. Mourinho gosta de transições fortes, eles têm a bola muito pouco tempo, o que lhes dá menos hipóteses de criar, o que leva à que tenham menor "hábito" de criação, o que leva pela falta de hábito a que percam qualidade no tipo de jogo que melhor realça às suas qualidades. Depois ficam muito mecânicos.

    Bayern 442: Javi, Bastian, Kroos, Thiago, Muller e Ribery.
    433: Bastian, Kroos, Thiago, Muller, Ribery, Mandzukic.

    Aqui o Javi seria central. Considero o Javi imprescindível, ia jogar sempre.

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