sábado, 12 de outubro de 2013

Observação: Inter (Editado)

Queria ver a Roma das 7 vitórias em 7 jogos, mas como não tem processos muito diferentes do comum, virei a minha atenção para o Inter de Mazzarri.

1. Sistema. Mais um daqueles casos que é difícil de definir. Começando pelo mais simples: em ataque organizado aproxima-se de um 3-5-2 com um avançado, Ricky Álvarez, com muita liberdade de movimentos, tornando-se muitas vezes num 3-6-1.
vs Roma
 2. Ataque. Aqui, olho apenas a 3 situações: pontapé de baliza, organização após recuperação e organização com bola próxima do meio-campo.
Pontapé de baliza.
Após recuperação de bola, fruto do posicionamento defensivo de Pereira e Taider,
a organização é diferente da "final".
No seguimento de uma falta: Álvarez, muito solto, aparece em todas as zonas do meio-campo ofensivo
3. Defesa: Aqui é que as coisas ficam interessantes. Tradicionalmente, e como foi visto no caso da Juventus, as equipas que atacam com 3 defesas, defendem com 5 (esses 3 mais os alas), mas não é isso que Mazzarri faz.
Defesa a 4! Pereira fecha na esquerda. Nagatomo na 2ª linha.
Faltava saber o que acontecia quando a bola era perdida do lado esquerdo: mantinha-se Pereira a juntar-se aos defesas ou ficava ele na contenção/cobertura e a equipa fazia a adaptação do lado "fraco"? Não tenho nenhuma imagem clara com a bola perdida nessa zona, mas invariavelmente é Pereira que aparece na linha da defesa e Nagatomo na linha de médios. Por exemplo, no seguinte lance (bola perdida por Álvaro Pereira a sair da linha de 4):
Rolando, fora da imagem, está como "lateral direito".
Primeira fase de organização defensiva é a tradicional composição de um 4-4-2.
4. Erros e golos sofridos.
O 1-0 inicia-se na imagem que está em cima (que mostra a primeira fase de organização defensiva).
Entre o primeiro e o segundo golo, surgiram alguns lances de perigo, como é este caso em que Taider comete um erro infantil que ainda consegue corrigir no limite.
2-0. Juan sai a jogar, tenta entrar no bloco da Roma, mas perde a bola. Strootman faz um passe longo para Gervinho que em clara inferioridade numérica ganha penálti... Totti marca o segundo. Muito mal Pereira, bem Cambiasso a ocupar a posição de Juan.
3-0. No seguimento de um canto e de um excelente trabalho de Totti, contra-ataque da Roma.
Editado:
Como escrevi nos comentários, a preocupação não parece ser o espaço à frente da defesa, mas a presença de Totti.

10 comentários:

  1. Luis na tua opinião é o modelo do Mazarri que falha ao não conseguir lidar com as movimentações do Totti e do Gervinho, ou é antes imputável a erros individuais (falhas de posicionamento, insistência com marcações individuais).
    O que é que o Inter teria de fazer de diferente?

    Eu não vi o jogo todo, mas é bastante relevante o teres salientado que defendem com quatro. E pensar que em sitios visitados por milhares e com pretensões de cientificidade se constroiem análise que explicam a derrota com o facto do Inter ter alinhado com defesa de 3.

    Um abraço e que continues por muito tempo com o blogue, junto com o posse de bola aprende-se bastante por aqui!

    http://www.zonalmarking.net/2013/10/08/inter-0-3-roma-totti-drags-inters-back-three-out-of-shape-to-prompt-quick-attacks/

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    1. Boas! Antes de mais obrigado pelo elogio! Continuarei este espaço enquanto puder, mas cada vez é mais difícil.

      Sim, o ZM comete esse erro. É estranho, também sigo o que é escrito por lá e não costuma falhar tanto... Possivelmente não reviu o jogo com atenção. Fez a análise através da ideia com que ficou do jogo... Não sei, é uma hipótese... O que ainda acho mais estranho é dizer que o Juan seguia o Totti... Na primeira parte (que foi o que analisei) só vi isso acontecer 1 ou 2 vezes e fazia parte da dinâmica da defesa. Tal como o Ranocchia também saía. No lance que dá o primeiro golo nota-se isso. Aliás, até há uma troca muito interessante entre o Ranocchia e o Rolando.

      Quanto à primeira questão, eu dou muito valor à ocupação do espaço a que chamo espaço "6". Não é nomenclatura "científica"... Chamo-lhe assim por ser aquele espaço frontal na entrada da área que normalmente é ocupado por um trinco em 4-3-3. Se houvesse uma dinâmica de ocupação desse espaço, acho que seria mais fácil de lidar com Totti, principalmente. Gervinho é uma questão diferente, na minha opinião. Mais de velocidade, 1x1 e aproveitamento de espaços na profundidade. Esses casos são resolvidos com coberturas e linhas de fora-de-jogo. Na primeira parte, só houve o lance do penálti que foi uma parvoíce do Pereira (e antes do Cambiasso de que me esqueci de falar) e mais um que não me lembro muito bem em que o Gervinho criou mais perigo.
      Resumindo, a nível de modelo alterava a dinâmica entre Guarín e Cambiasso para que um deles ocupasse sempre o espaço "6". Mas tal como dizes, também parece haver alguma insistência em marcações individuais (não necessariamente marcação H-H, mas referências e, já agora, isso não são erros individuais, são princípios do modelo), principalmente no lance em que aponto o erro do Taider. Gostava de perceber a leitura de Mazzarri sobre essa situação... Se ganhar as costas da defesa for tão fácil como aproximar AV e EX do portador e Lateral subir, o Inter vai ter muitos problemas, principalmente quando jogar nas competições europeias.

      Espero que tenha respondido a tudo. Senão, insiste.

      Cumprimentos!

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  2. Respondeste e de que maneira - muito obrigado e as minhas desculpas pelo tempo que te roubei !

    Eu comecei a seguir o zonalmarking praticamente desde o início, e continua a ser bom para ter uma ideia muito básica de como um jogo decorreu, mas as análises são muito simplistas. Torna-se muito difícil de explicar tudo o que se passa no jogo como se os sistemas tácticos definissem totalmente a forma como as equipas jogam. É uma abordagem muito na linha no livro do Jonathan Wilson, o Inverting the Pyramid, em que há um problema estrutural na argumentação: é que o sistema táctica ajuda a definir a forma como se joga, mas não define totalmente: não é por um 3-5-2 ser um 3-5-2 que vai ser na prática melhor que um 4-3-3 (ainda que em teoria o contrário provavelmente é verdade).

    Talvez porque ele não dá exemplos com imagens como vocês, mas sinceramente creio que ele nem tem capacidade para tal (para interpretar lances que implicam algum conhecimento da defensa zonal por exemplo), por culpa da forma como ele pensa o jogo. O último artigo sobre o Martino fez.me um pouco de impressão, porque é óbvio que há diferenças e o Barça está cada vez pior mas o moço acha que não.

    Enfim, não precisas de responder, mas na verdade blogues como o teu, o posse de bola, o lateral-esquerdo ou o entre-dez - são bem mais pedagógicos e informativos - talvez porque alguns de vocês são treinadores, mas acima de tudo porque creio que têm formas diferentes de pensar o futebol, e também porque colocam perguntas distintas!

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  3. ahh, um outro ponto sobre o Mazarri, na sequência daquilo que referias sobre o modelo dele.
    Li uma entrevista do Sacchi ao site francês Sofoot uns dias atrás em que ele dizia uma coisa que me chamou a atenção. Quando questionado sobre o nível das equipas italianas, ele referiu que o Nápoles (à época treinado pelo Mazarri) era umas das poucas que ainda jogava à italiana, com base em garra e determinação (grinta), ainda que admitindo que com grande qualidade. Eu achei estranho, porque sempre considerei o Mazarri um treinador moderno mas claramente não vi os jogos com atenção. O futebol italiano oldschool era baseado precisamente em marcações individuais, e era a isso que o Sacchi se referia ao falar do Mazarri: pelo menos a referência "homem" continua a ser importante.

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    1. Guilherme, o mal do ZM e do Jonathan Wilson é que só olham aos sistemas que são estáticos e como já tenho mostrado aqui, principalmente no caso do Inter, podem ser vistos vários sistemas durante o jogo.

      O Barça ainda não vi com muita atenção, mas tem lá dados estatísticos que não estava à espera (% de passes certos quase igual, posse quase igual...). Só vendo com atenção.

      Já agora, eu não sou treinador.
      Acho que os nossos blogues ganham porque falam de futebol (por oposição a arbitragens e extras) e de coisas que normalmente as pessoas não vêm em jogo corrido. Nem parte de nós as vê, diga-se. Aliás, até o Klopp diz que passa horas a ver um jogo à procura dos detalhes.

      Quanto às palavras do Sacchi, não te sei dizer... Não vi muitas vezes o Nápoles, por isso, não conheço assim tão bem o trabalho dele. E precisava de perceber o contexto. Mas do que "citas" pode estar a falar em jogar à italiana em termos de carácter e não de modelo de jogo.

      Cumprimentos!

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  4. Luís,

    Isso não está compensado, como referes, com saídas dos centrais? Achas isso uma desvantagem? Porquê?
    Abraço

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    1. Sim, está compensado. Mas não só pela subida dos centrais, também dos laterais. Já meto 2 imagens em que se nota bem isso. Mas lá está, como essa subida também é feita pelos laterais, deixa-me a pensar que a referência é o Totti e não o espaço.

      Quando a bola está na 1a linha atacante (defesa), não vejo mal nenhum em ser um dos centrais a ter essa preocupação, mas quando está na 2a linha (médios), se for um defesa a fazer isso, depois tens que ter muito cuidado com a largura e os espaços entre laterais e o central que fica na linha.

      Abraço!

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  5. Luís, ainda nao consegui ver a Roma como deve ser este ano, que achas do Florenzi?

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    1. Florenzi é médio centro e tem jogado como extremo. Nota-se claramente que não é daquela posição, mas adapta-se muito bem. É muito inteligente, criativo,...

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