domingo, 17 de junho de 2012

Euro2012: Portugal (2) vs Holanda (1) - Análise

Onzes Iniciais e Desenhos Táticos



Portugal: Patrício (12), João Pereira (21), Pepe (3), Bruno Alves (2), Coentrão (5), Miguel Veloso (4), Moutinho (8), Meireles (16), Nani (17), Ronaldo (7) e Postiga (23)
Nada de novo no desenho tático, nem no onze inicial em relação aos outros jogos. No início, a selecção portuguesa parecia meia adormecida e sem saber o que fazer face ao ataque rival. No entanto, parece ter acordado depois do golo sofrido. Para este acordar, muita importância teve Miguel Veloso. Soube baixar o ritmo de jogo e tentou dar mais posse de bola a Portugal. Por outro lado, os centrais (principalmente Bruno Alves) procuravam os lançamentos longos que não resultavam em nada mais do que oferecer a bola aos adversários. Meireles teve mais um jogo mau, Nani e Coentrão mais um de alto nível. Ronaldo esteve em grande a fazer o que deve fazer: finalizar quando outros criam e criar para outros finalizarem. Ser o elemento criativo e finalizador é demasiado. Moutinho também este muito bem.

Holanda: Stekelenburg (1), Wiel (2), Vlaar (13), Mathijsen (4), Willems (15), De Jong (8), Vaart (23), Robben (11), Sneijder (10), Van Persie (16) e Huntelaar (9)
A selecção "laranja" entrou como jogou na 2a parte do jogo com a Alemanha: 5 elementos só preocupados com ataque, 2 com a defesa e 3 em situação "normal". Obviamente que isto partiu completamente a equipa e tal como não tinha criado muito contra a Alemanha, também não criou contra Portugal. Hoje ainda se notou mais a ineficácia desta tática porque Sneijder fez um jogou muito abaixo do seu nível.

Jogadores "só" de ataque
No futebol moderno, é um conceito que não devia existir. No entanto, Ronaldo e Postiga praticamente só tinham(/executavam) tarefas ofensivas e na selecção holandesa eram 5 os jogadores: Vaart, Sneijder, Robben, RVP e Huntelaar! Ganhou a equipa que tinha menos jogadores deste estilo, isto é, ganhou quem jogou mais como equipa em todos os momentos do jogo.

Paulo Bento
Decidiu manter o onze e aceita-se, apesar de Meireles já ter estado abaixo do seu nível nos outros jogos. Não era um jogo difícil. O talento individual é indiscutível, mas como conjunto os holandeses não são mais fortes que a Dinamarca. Então, acho que uma abordagem de posse de bola teria resultado muito melhor. Com a equipa partida, Portugal facilmente caía em situações ofensivas de 6/7-vs-5 no meio-campo holandês (um pouco como na jogada que deu o 1o golo). Mesmo em contra-ataque, a bola podia ter entrado mais vezes em Nani. Está em boa forma e a oposição (no 1-vs-1) não era de nível muito elevado. Quanto às substituições, não concordo com a entrada de Nélson Oliveira. Naquele momento do jogo, talvez tivesse apostado em Varela para fechar a lateral e dava o meio a Ronaldo. Varela é mais culto a nível defensivo e também é muito perigoso em transições rápidas (apesar de não concordar com esta abordagem, partindo do mesmo princípio do treinador, acho que Varela era melhor opção). Custódio também podia ter entrado mais cedo.

Bert van Marwijk
Não consigo perceber o que tentou fazer... Foi parecido com o que Jorge Jesus fez algumas vezes com o Benfica sem bons resultados (por exemplo, no jogo contra o Rio Ave que o Benfica empatou 2-2 após ter recuperado da desvantagem). Esta ideia de partir a equipa só funciona contra equipas muito mais fracas e com ritmo de jogo muito alto. Neste caso, nem o ritmo era muito elevado, nem o adversário era mais fraco. Mesmo sem criar muitas situações, quase não mexeu na equipa (medo da crítica no caso de tirar um elemento mais ofensivo por um mais defensivo) e quando mexeu foi para desequilibrar ainda mais a equipa (Afellay por Willems), ficando com 4 jogadores defensivos e 6 atacantes.

Conclusão
Jogo teoricamente fácil para a equipa das quinas, mas dificultado por uma má estratégia de jogo. Ainda assim, Portugal construiu muitas jogadas de perigo e o resultado podia ter sido mais volumoso. A Holanda estava muito desequilibrada e nunca conseguiu ser dominante como seria suposto olhando ao onze inicial. Portugal joga agora os quartos-de-final contra a República Checa e a Holanda volta para casa, certamente desapontada. O treinador holandês dificilmente continuará à frente da selecção.

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