terça-feira, 27 de agosto de 2013

Observação: Fulham

O plantel do Fulham chama a atenção. Não é de Champions, mas parece bem capaz de incomodar muitas dessas equipas. Este ano entraram Taarabt, Scott Parker, Amorebieta, Bent, Sketelenburg e Derek Boateng. Nas saídas contam-se Petric, Schwarzer e Diarra.
Partindo destas informações, decidi ver com atenção o jogo Fulham-Arsenal. Deixo aqui algumas observações ao modelo de jogo.

Equipas Iniciais:
Fulham (4-4-1-1): Stockdale; Riether, Hughes, Hangeland, Riise; Duff, Parker, Sidwell, Taraabt; Kasami; Berbatov.
Arsenal (4-3-3): Szczesny; Jenkinson, Sagna, Mertesacker, Gibbs; Ramsey, Rosicky, Cazorla; Podolski, Walcott, Giroud.

1. Primeira fase de pressão: Berbatov destacado, Kasami nas suas costas e o médio do lado da bola sai da linha de 4 (na imagem, Parker já está a recuperar a posição e sai Sidwell). É difícil definir isto como um comportamento da equipa. Berbatov torna-o difícil. Tanto pressiona em cima, como "descansa". Tanto é Kasami a sair ao portador como Berbatov. Tudo parece dependente da vontade do búlgaro.
2. Distância entre lateral e central: nota-se alguma referência ao opositor por parte do lateral Riether. Neste caso é Podolski, noutras situações do jogo Podolski joga mais interior e a preocupação é Gibbs. Duff preocupa-se sempre em fechar a zona central aproximando-se de Parker.
3. Berbatov no lado direito após uma transição ofensiva falhada. Parece algo recorrente a presença de Berbatov no lado oposto ao da bola. Mais uma vez, é difícil perceber se é idealizado pelo treinador ou se é vontade do búlgaro.
4. Mais uma vez, um médio centro sai da linha. A bola veio do lado esquerdo (defensivo) para o meio, mas é Parker que sai. Pode ter sido preocupação de Sidwell com Walcott ou simplesmente por uma questão de proximidade que o médio centro do lado da bola não saiu. Aqui Kasami seguiu Cazorla do meio para a ala e Berbatov aproxima-se do meio, mas ainda está longe, logo Rosicky e Ramsey (assim como a linha defensiva) têm total liberdade.
5. Na saída de bola em organização, um dos médio aproxima-se dos centrais. Neste caso é Parker.
6. Quando Parker sai, Sidwell recua.
7. Como é tradicional dos treinadores britânicos, o espaço entre a linha de 4 defensiva e do meio-campo tem uma ocupação deficiente. Aqui pode haver 2 interpretações. Ou a linha defensiva devia estar mais subida, com a resposta à subida de Gibbs a ser feita frontalmente por Riether e lateralmente por Duff (neste caso é Duff que se aproxima da contenção e Riether a ficar na cobertura) ou então com Duff na contenção e a linha do meio-campo mais próxima da baliza que Duff. Também se nota que a preocupação de Taraabt em diminuir a distância ao médio mais próximo é bastante menor que a de Duff.
8. Preocupação de Parker com a movimentação de Ramsey abre a linha de passe para Podolski (marcado com uma oval). Duff demasiado aberto, numa das poucas ocasiões em que não estava próximo de Parker.
9. Espaço entre-linhas desocupado, linha de passe aberta e muita qualidade técnica de Cazorla. A bola entra fácil em Podolski que remata, mas a bola desvia em Hughes. Parker limitou-se a seguir Ramsey...
10. Berbatov fixou em Sagna, Kasami saiu a Mertesacker e ficou um espaço enorme entre as 2 linhas.
11. Taraabt é ultrapassado e não recupera a posição, bola entra em Rosicky que isola Walcott ao primeiro toque. Riether demorou muito tempo a subir e Walcott fica em jogo. Repare-se também na posição dos apoios de Riise. A preocupação do norueguês é a linha de fundo, virando as costas à zona central...
12. Ramsey, entre-linhas, recebe, roda e remata sem oposição. Remate sai fraco, mas vai ter a Giroud que desvia do GR e marca. Taraabt muito aberto, preocupado com o lateral não oferece proteção à saída de Sidwell (Parker bem, no meu entender, a ocupar o espaço à frente da defesa). Nota-se, como já tinha reparado anteriormente, Berbatov no lado oposto ao da bola quando a equipa defende.
13. Num momento em que Sidwell e Parker baixaram, o central Hangeland sai a jogar. Tanto Hangeland como Hughes não são maus com a bola nos pés, mas isso não é aproveitado por Martin Jol, apenas lançamentos longos.
14. Berbatov recua para oferecer linha de passe curto, mas Hangeland procura Duff na lateral. Fulham perde a bola. Nota-se também muitos jogadores à frente da linha da bola. Neste caso são 6: os laterais, os extremos, Kasami e Berbatov. Dificulta imenso a progressão.
15. Linha defensiva desfeita pela preocupação de Riether com Podolski, mas a concentração de jogadores na zona da bola permite a recuperação (só Taraabt não está na imagem e perto da bola contra 4 jogadores do Arsenal). Não é uma situação padrão da equipa. Aconteceu pela aglomeração de jogadores do Arsenal nessa zona e pela má decisão de Ramsey ao não fazer o passe para Walcott que dava linha de passe sobre o exterior.

Em suma, as duas linhas de 4 sem uma presença entre-linhas são um problema grave, principalmente numa altura em que grande parte das equipas adoptam sistemas com um jogador solto atrás do PL (normalmente o 4-2-3-1). A nível individual, Taraabt e Berbatov são preocupações. São génios à sua maneira, principalmente o avançado, mas defensivamente são uma debilidade. Berbatov actua por iniciativa própria, desligado da equipa (por vezes funciona pela sua inteligência), Taraabt raramente percebe as necessidades da equipa e executa em conformidade.
Ao nível do sistema, alterava para um 4-3-3 com maior liberdade para Parker e talvez com Sidwell como pivô (mais difícil é escolher o terceiro médio). Bent e Ruiz no banco são boas opções. Por mim, Ruiz jogava. Seja no lugar de Taraabt ou Kasami.
O Fulham parece ser um típico caso em que o plantel é claramente melhor que o treinador.

5 comentários:

  1. A mim pareceu que este Fulham não vai ser equipa para andar a fazer de bobo da corte, e que vai ainda causar muita dificuldade aos grandes. O espaço entre-linhas é algo que "todas" as equipas britânicas deixam, não parece ser uma preocupação para eles.

    Abraço

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    1. Bobo da corte de certeza que não. Até pelas individualidades, dificilmente seria. A parte do espaço entre-linhas é que não sei... Já há muita gente a usar 4-2-3-1. Liverpool, Swansea, Southampton, Sunderland, Chelsea, Man City, Utd,... Vão todos conseguir meter um jogador nesse espaço e depois é uma questão de "sorte".
      Já agora, no posse de bola disseste que o Rosicky jogou a trinco, mas pelo menos na 1a parte era sobretudo o Ramsey a fazer essa posição. Mas é uma dinâmica muito interessante dos 3 (Ramsey, Rosicky e Cazorla). Gostava era de ver o Wilshere no onze.

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  2. Do que vi do jogo, foi sempre o Rosicky a iniciar a construção, claramente com os outros dois a frente.
    Ou pelo menos foi o que me pareceu, posso estar errado obviamente.

    Quanto ao espaço entre-linhas não concordo.
    O Liverpool, deixa esse espaço, tentando resolver isso com saída dos elementos da linha defensiva. Eles jogam 4-4-2.
    Henderson, Gerrard, Lucas, Coutinho.
    Inclusive têm muitos problemas porque depois Coutinho não participa do momento defensivo, ficando apenas 2 homens para controlar a zona centra, quando a bola está no corredor oposto.
    O Chelsea sim, ocupa bem esse espaço, mas é Mourinho.
    O United, parece-me deixar muito a nu esse espaço também e ontem não foi excepção, tal como não tinha sido no jogo com o Swansea.
    Laudrup, não sei se joga com duplo pivot, mas sei que o espaço que deixa entre linha também é tremendo. Estranho para quem percebe, ofensivamente, na sua forma de atacar uma boa dinâmica entre linhas, não fechar esse espaço. Quanto ao sunderland e Southamton, não sei. O City, ainda não vi um jogo verdadeiramente com atenção, mas pareceu-me também 4-4-2, Navas, Yaya, Fernandinho, com Silva a vir dentro com bola sempre que recebe na linha.

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    1. Não me fiz entender bem, o que queria dizer era que contra eles todos vão meter um jogador nesse espaço defensivo do Fulham, e não que as outras equipas ocupassem esse espaço defensivamente.
      O Laudrup joga com duplo pivô. Normalmente Britton mais próximo da defesa, mas neste último jogo foi o Cañas a fazer isso. Mas sim, no geral também deixam muito espaço.

      Do Arsenal, posso rever isso, mas pelo menos na primeira parte a ideia com que fiquei foi diferente, mas também estava a olhar mais para o Fulham. Hoje à noite ou amanhã vejo isso com atenção.

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  3. Sim também não estive muito atento, depois diz-me

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