quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Seleção Portuguesa: Alguns problemas

Chega ver o golo sofrido com cuidado para se perceber quais são os maiores problemas da nossa seleção.

Problema 1: Controlo do espaço "6". Falta controlo sobre o espaço à frente da defesa. Nem Veloso, nem Amorim conseguiram resolver isso. Facilmente se pode ver isso pela clareira à frente dos 4 defesas. Mais estranho é o jogador mais próximo ser Cristiano Ronaldo que não é de todo conhecido pelo apoio à defesa (que veremos a seguir). Robben aproveitou diversas vezes este problema para aparecer sozinho no meio.

Problema 2: Controlo de largura. Veja-se a posição de João Pereira (JP) no início do lance e a consequente distância entre jogadores. Quando a bola entra no meio, JP é obrigado a sprintar para não ficar fora do lance.

Espaço "6" desocupado e pouco controlo de largura
Problemas 3 e 4: Leitura de situações de jogo e agressividade. Este caso volta a estar ligado com o problema 1. Compare-se a posição de Veloso nas imagens seguintes. Primeiro à entrada da área, à frente da defesa. Tal como defendo que deve fazer. Depois, quase na linha de Pepe e JP. Não faria cobertura a Neto no caso de ser ultrapassado no 1vs1, não retira nenhuma linha de passe, nem protege o espaço à frente da defesa (das duas, uma: ou fecha o espaço entre Neto e Pepe e outro jogador ocupa a posição à frente da defesa ou então deixa-se ficar nesse espaço). Repare-se também em Coentrão. Com a bola na posse do adversário mais perto da baliza do que ele, recupera a posição em jogging... Mais, a bola passa entre ele e Veloso para chegar ao marcador do golo! Pelo meio tem tempo para olhar para o árbitro auxiliar para ver se ele marca fora-de-jogo... Por fim, Cristiano. Repare-se na imagem acima e agora na primeira imagem abaixo. Era o jogador mais próximo da linha de 4 defesas, mas permaneceu imóvel. Limitou-se a observar o decorrer da jogada.
Ronaldo ainda no mesmo sítio e Coentrão a passo

Veloso não faz cobertura a Neto, nem retira linha de passe.
Coentrão continua a passo.

15 comentários:

  1. Respostas
    1. Sem dúvida.
      Mas as "vacas sagradas" também têm culpa. E Ronaldo não "poder" ser substituído num amigável...

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  2. O Coentrão passou o jogo todo cortar-se de fechar dentro, já irritava!
    Não achas que o facto de terem jogado com 4 médios em linha possa ter influenciado a decisão do Veloso nesse lance? Por não estar rotinado nesse sistema? Isto é, num 4-3-3 mais classico em que joga com pivot defensivo, achas que ocuparia o espaço do 6 melhor ou faria o mesmo erro?

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    1. Provavelmente faria o mesmo erro. Tem pouca agressividade e sem bola não é nada de especial. Mesmo com bola... Por mim, solução é o que o Baggio disse: Custódio. Ou o que se falou no posse de bola, mas o Manuel não faz parte dos planos para o Paulo Bento...

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    2. Sim, concordo. O Miguel Veloso é um jogador banal por causa da falta de empenho no jogo. Não acho que a velocidade seja desculpa, porque com outra capacidade de reacção e de empenho seria muito melhor. Quando tem o Moutinho a sua frente estas debilidades ficam camufladas... O problema é que não conseguirá jogar em lugar algum do campo.

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    3. Claro. Busquets, Pirlo, Martínez,... tantos médios defensivos que não primam pela velocidade e são de top.

      Moutinho e mesmo o Meireles. Ás vezes o Meireles também se distrai, mas quando está no concentrado ajuda bastante o Veloso.

      Lá está, para mim não é jogador de seleção...

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  3. Ronaldo tem que jogar sempre, por ser o teu melhor jogador. É isto que acho.. Quanto ao resto, não vi o jogo, não sei.

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    1. Sim, mas isso é para jogos oficiais ou quando é para treinar a equipa. Quando trocas mais de metade da equipa, não vejo razão para ele não sair. O Bruno Gama e o Josué foram lá para quê? Parece que foram só fazer número para o treino. O Sílvio entra aos 89... O Custódio e Ricardo Costa também no banco, 2 GR no banco...
      Ou usava este jogo para treinar a equipa e fazia o que a Holanda fez (2 substituições) ou então é para testar jogadores e aí usa os que tem à disposição, com preferência até para os que vão menos vezes.

      O único teste feito foi um 4-4-2 mal preparado com Machado e Pizzi nas alas e CR e Nélson na frente. Mas já era mais uma questão de jogar com fé do que com razão.

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  4. Entendo mas olha uma situação e falo por experiência própria.
    Tens um jogador muito bom, o teu melhor jogador. É absolutamente decisivo, dá-te tudo em termos de treino e jogo e ainda é um rapaz porreiro. Ele pede: Mister eu quero sempre jogar todos os jogos, mesmo quando o jogo esteja controlado, mesmo que pareça cansado, mesmo que o mister queira experimentar outros jogadores, meta-me noutra posição, só quero estar sempre em campo.
    Que farias?

    Isso para dizer que o Ronaldo gosta de jogos grandes... E mesmo sendo um amigável é um amigável contra a Holanda. Se ele é tão aplicado no treino como se diz, eu se fosse treinador dele só o tirava de campo de me pedisse ou se estivesse lesionado. Porque isto de liderança tem muito haver com reciprocidade, dar para receber, receber e depois recompensar.

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    1. A parte de "dar" tem que ter limites, se não tiver limites, ele torna-se maior que o treinador/grupo (internamente) e o clube/selecção (externamente). Isto porque a reciprocidade não acontece sempre. Aliás, se o Ronaldo se empenhasse em todas as fases do jogo, eu diria que não havia problema. Como vês (e pelo que conheces), ele só se empenha quando tem a bola. Então, dás-lhe os benefícios todos, mas ele só te recompensa em certos momentos do jogo... Algo está mal.

      Comecei pelo fim, mas quanto ao primeiro parágrafo, acho que também já respondi. Se ele dá tudo em treino e em todos os momentos do jogo, tudo bem. Merece recompensa. Mas nunca esquecendo que se há outro jogador que tem a mesma entrega, não podes mudar o tratamento por ele jogar pior. Se o fizeres estás a dar a ideia de que há jogadores preferidos (ou que há jogadores superiores ao grupo). E para grupos sabes bem que não pode ser.

      Atenção a uma coisa, isto são as minhas ideias/teorias. Com base no que leio e nas experiências pessoais. Tu tens a experiência de treinador, certamente podes falar melhor sobre isto do que eu.

      Já agora, e porque aprender é sempre bom: "ter a haver" usa-se quando à dívidas envolvidas (por exemplo "ainda tenho a haver 5 euros"). Para relações usa-se "ter a ver".

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    2. Baggio, segundo reza a lenda, há muito interesse na selecção, e o Luis tem razão quando diz que não percebe como certos jogadores não são convocados e outros são convocados para treinar. Parece de propósito não? O Moutinho joga lesionado os 90m, o Ronaldo e o Pepe saem aos 60m. O Moutinho vai para o Monaco, pequena lesão, já não é convocado, mas antes era. O Josué vai do Porto para Faro, não joga, vai de Faro para o Porto e para Setubal. Se ainda fosse oficial, mas se é para fazer o ridículo com a entrada do Bruno Alves, em vez de dar uma internacionalização merecida a alguém, mais vale o Senhor Selecionador convocar os seus 15 amigos Jorge Mendes e jogar sempre com esses. Ao menos não interfere com as preparações dos diversos clubes, a quem Portugal deve mais do que a essa selecção.

      Cumprimentos,
      António Teixeira

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  5. Gosto da tua forma de pensar. Também pensava assim. A questão é que se não das tudo, nunca podes esperar receber tudo. O que um treinador nunca se pode esquecer é que ele está dependente dos jogadores e Paulo Bento tem o segundo melhor do mundo sob sua alçada. Viste a conferência prévia do jogo? O que Bento respondeu sobre as "novas" funções de Ronaldo no Real?
    Ele disse que Ronaldo tem uma participação muito pequena em organização e transição defensiva, para que possa dar algo mais noutros momentos de jogo. Ou seja, ele optou por isso. Optou por Ronaldo não participar em todos e de certa forma o entendo. Só acho é que para isso ele devia jogar junto aos centrais e nunca na linha, mas é uma opção dele, essa tal não participação em todos os momentos. Tal como acontece com Messi, por exemplo, passa a maior parte do tempo a "passear" a andar dentro de campo.

    Ponto número dois: Tu não tens de tratar todos por igual. Isso não é verdade. Os jogadores sabem que há jogadores melhores e que esses jogadores beneficiam a equipa. Eles entendem perfeitamente esse tipo de situações porque sabem que todos vão colher frutos com elas (nomeadamente um rendimento melhor). O que eu enquanto treinador faço, é tentar "chegar" a todos os jogadores. E cada um tem necessidades diferentes e é o meu dever, perceber quem precisa do quê, para lhe poder dar tudo que eles precisam. Para que dessa forma consiga que eles retribuam de forma igual ou maior. Se cada um deles sentir que têm "tudo" da nossa parte, irá retribuir de igual forma ou até superando. E é isso que quero conseguir sempre. Corresponder às necessidades deles.

    E esta é a minha ideia. Não está certa nem errada, é assim que penso, sabendo que comecei a pensar como tu.
    Ex: um jogador que precisa de levar um sermão para cumprir com os princípios que estão a ser treinados e outro que só precisa de uma conversa. Tratamentos diferentes, com o mesmo objectivo, chegar ao jogador.

    Quanto à correcção, nunca é demais. Obrigado :)

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    1. Sim, também percebo a ideia de ele não participar em todos os momentos, mas numa jogada como esta que deu golo, em que a equipa sofre uma transição e ele é o jogador mais próximo da defesa, tem que fazer alguma coisa. Não lhe pedia para ter a mesma participação que os médios ou os defesas durante todo o jogo, mas nas situações em que a presença dele faz toda a diferença, sim. Nesta jogada chegava ele perceber que não estava ninguém a tapar a linha de passe para o meio para esta jogada ter muito menos probabilidades de sucesso.

      A questão do Messi não tem só a ver com a gestão normal de esforço, tem muito a ver com a condição física dele pela doença e pelos tratamentos que fez.

      O teu ponto número dois era o que estava a falar na resposta anterior, eu escrevo baseado no que leio, tu tens a grande vantagem da experiência como treinador.

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    2. Baggio, mas o Messi andava com o Tito team especialmente na primeira fase de pressão. Com o Pep e no jogo do Tata de apresentação ele pressionou. Claro que em organização defensiva ele mexe-se menos, e muitas vezes em o. ofensiva cria zonas de marcação à volta dele e mexe-se pouco, normal creio. O Ronaldo é diferente. Esse exemplo da imagem é muito claro sobre o que o Ronaldo tem a dar a nivel defensivo e o que o Ronaldo é e acha que é na notável selecção nacional.
      Sobre colocá-lo na área, não posso concordar, porque basicamente é um apoio que perdes em construção, tiras-lhe as diagonais, que é o melhor que ele tem, e tornas o jogo da tua equipa previsível. Agora, não se percebe é porque se dá azo a que o Ronaldo chute 10 vezes por jogo dos conquilhos, se marca 0,5, e não se procure adverte-lo sobre o mal que está a fazer, quando tem opcções melhores. Provavelmente, é o clássico "não os tem no sítio".
      Cumprimentos,
      António Teixeira

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  6. Mas é suposto a presença dele nunca fazer a diferença, jogando a equipa em 4-4-2 quando perde a bola. O interior deve rodar e o extremo contrário baixa para a linha de meio campo.
    Mas reitero que entendo a tua crítica e eu optaria por jogar de outra forma, colocando Ronaldo no meio.

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